As árvores não têm calendário. No entanto e apesar das altas temperaturas, já estão a preparar-se para o Outono. No Algarve o Verão manteve-se até hoje, com temperaturas de 30º de dia e 20º à noite. O que me obriga a regar de manhã e à tarde. É certo que se mantém teimoso o vento seco de sudeste mas não é essa a razão pela queda da folha. Se assim fosse, no Verão as amoreiras e suas companheiras caducas já tinham perdido a folha. Também não é a seca, nem doença.
As árvores não têm calendário. Ou têm? Nem tão pouco têm o calendário chinês.
O que acontece é que existe uma molécula o "phytocromo" que quando absorve a luz vermelha, altera a sua forma tornando-se activo. Mas se receber a luz vermelha distante (Far red light, comprimento de onda menor) ele volta à forma inicial, inactiva. Se pensarmos no nascer do sol, há uma maior percentagem de "Far red light". E a planta percebe que está a nascer o dia. Durante o dia recebe maior incidência de luz vermelha, assinalando o dia, e a molécula torna-se activa. No pôr do sol, volta a "ver" novamente maior quantidade de far red light, sabendo assim que o dia terminou e desactivando o phytocromo. A molécula funciona assim como um interruptor, liga de dia, desliga de noite.
É o ratio de luz, que permite à planta saber em que estação do ano está. Dias maiores na Primavera e Verão, dias menores no Outono e Inverno. É evidente que outros elementos como a temperatura e outros têm influência, inclusivamente a sua memória genética (senão olhem os Jacarandás florindo, este comportamento é próprio para os climas tropicais, a sua genética manteve a memória agindo independentemente das condições climatéricas aqui na Europa) mas é no geral a quantidade de exposição solar que faz com que as árvores se preparem para as estações. As plantas sabem, apesar deste Verão fora de época, que os dias estão mais pequenos... e que o Inverno está a chegar.
Sem comentários:
Enviar um comentário