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terça-feira, 30 de agosto de 2016

Andorinhões

ainda está calor. Mesmo ao pôr do sol, mesmo pela noite dentro. Ar que vai embalando a cidade enganada, longe dos trabalhos do campo.

eu não estou mais, nem menos. Estou na cidade, no seu movimento, embriagado de Sol, mar e vida. Mas hoje ao fim da tarde, quando o céu se veste de um provocador rosa quente, com um laranja disfarçado atrás dos cerros, dei por falta da dança agitada dos andorinhões. O Cerro do guelhim, lá ao fundo, já anuncia a noite. A roupa nos terraços dos velhos prédios brancos, seca já com mais dificuldade. Gosto destes prédios brancos que se encavalitam. De tão desastrados, de tão maltratados, ganham a rusticidade do povo que o habita. Esqueceram-se da estética, da beleza, mas são simples e bons. Estão marcados pelas vidas que lá passam, cada vez mais rápido, cada com menos tempo, sempre procurando mais. Neste paisagem urbana, aceito a complexidade. Espreitando cada janela, observando cada familia, muitas não compreenderia. Mas em grande parte encontraria amor e bondade, em diferentes formas e cores. Aceito-as. Só não aceito a maldade.
e perdido nestes olhares, reparo que as figueiras já se vestem de amarelo e também as amendoeiras já notam os dias mais pequenos. Está a chegar, é bonito, contemplai. porque não irá ceder a qualquer saudade.
boas ou más, bonitas ou não, as minhas palavras nascem das sensações e emoções. sem sentir, sou como um espinho e as minhas palavras esvaziam-se em areia.

domingo, 7 de agosto de 2016

recuperando...

Após um Inverno difícil, devido à presença de fungus nas raízes, a minha azinheira recuperou a força com duas fases de crescimento forte durante esta primavera e Verão.contudo perdi o topo da arvore e o ramo secundário. Por isto, com a ajuda de Rui Ferreira do Jardim Bonsai, realizou-se uma poda de formação e eliminação de ramos secos.

A frente alterou-se e seleccionou-se novo ramo para o topo.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

a casa do Alpendre

quando estiver contigo, debaixo do alpendre, não esperaremos por ninguém. Estaremos sentados, virados para todas as árvores que escolhemos. Estaremos com o sol do meio dia, esperando-o depois mais meigo na sua quebra que assinala o fim do dia. Ficaremos na companhia dos livros que a vida não nos deixou ler. Na bebedeira de uma discussão sobre o que observamos, nos calmos cruzamentos das nossas convicções. No refresco de um chá gelado ou no aroma do nosso café servido na mesa de madeira marcada pelo tempo. Não esperaremos por ninguém, mas aqueles curtos regressos, vão encher-nos a casa térrea que se confunde bem com o cheiro a terra seca mas fértil.
No mesmo Alpendre vivem silêncios, haverão sempre silêncios. Uns brutais, corrosivos e barulhentos que não nos deixam encontrar o repouso, outros suaves e alegres que nos deixam ouvir a musica do vento nas folhas.

em Fevereiro as amendoeiras darão Flor. Assim que o Inverno estiver no fim, o Alpendre terá chá para nós. Não sei qual, pois a curiosidade obrigar-nos-á a procurar sempre novas sensações. Os nossos olhos estarão baloiçando de ramo em ramo, de Flor em Flor, que a vida foi deixando crescer . E guardou cada um deles, bem à vista do nosso Alpendre da casa térrea que se confunde com a terra seca e salgada, com aquela de um livro que deste a ler.