Reino: Plantae |
Divisão: Magnoliophyta |
Classe: Magnoliopsida |
Ordem: Sapindales |
Família: Sapindaceae |
Género: Acer |
Espécie: A. palmatum |
Honra
Reza a
lenda que...
o espelho dizia
estarmos perante um rapaz por volta dos16 anos, tão magro quanto disciplinado e
com uma altura que prometia mais agilidade do que força.
Estava
deitado sobre o chão com o seu corpo abandonado numa leveza que só à pouco tempo
conheceu. Cada músculo se rendia a cada expiração lenta, como a brisa da
manhã de verão faz desmaiar cada ramo de um Acer. Os seus ossos estavam completamente
encostados ao chão, fundindo-se o branco mineral com o wenge escuro. A sua mente
transportava o 'qi', da testa aos olhos escorrendo lentamente por baixo da sua
pele branca, à palma da sua mão, ou até às juntas do seu joelho sempre tão
lentamente… cartografando cada célula do seu corpo, cada pedaço de osso que sai
um pouco mais proeminente e nos dá o aspecto magro. Conseguia transformar frio,
ou quente, reduzir a dor e eliminar a gravidade. Conseguia consolidar cada
instante no seu mais puro detalhe, cheiro, cor, o movimento rápido numa
lentidão gigantesca, até encontrar a paz, a harmonia que os Deuses da Natureza
prometem e podem oferecer, cada um deles em forma abstracta ou natural, na sua
casa a Terra. Ou estudar os movimentos certeiros da sua arte marcial, olhá-los
de fora e procurar o aperfeiçoamento. Ou observar o seu adversário,
familiazar-se com o medo que pode sentir e domá-lo, controlá-lo… extingui-los.
Leve e ao mesmo tempo pesado, com respiração lenta, espaçada… esperando o ar
entrar nos pulmões pois os pulmões já não precisavam de aspirar o ar. Coração
quente, a bater baixo, forte, ritmado. Trouxe o “qi” ao centro da testa...
Reparou novamente que o seu corpo se afundava no chão, deu atenção aos braços
desarmados, às pernas rodadas para fora, à espádua na madeira, a nuca sobre um
pano branco. Franziu o frontal deixando rugas e relaxando-o de seguida, mexeu
os dedos da mão depois dos pés. Movimentou os punhos, os cotovelos, afastou os
braços até as mãos se juntarem sobre a cabeça. Mexeu as pernas, inspirou
profundamente, susteve 5 segundos e expirou com força o ar e o medo. Samurai não
tem medo. A morte é parte do caminho que se faz com honra. O Homem vai, o seu
nome fica honrado, permanecendo. Assim diz o Bushido… que para estes homens de
Hojo é o caminho. Sentou-se. Olhou em redor a casa minimalista… com o essencial…
com o mistério que o espaço e o seu silêncio oferecem.
Afastou a
porta que dá para o centro da aldeia. Deteve-se como se a aldeia fosse sua.
Olhou-a, respirou-a. Desceu os três degraus de madeira e aproximou-se da árvore
de folha verde e redonda que tinha plantado à 7 meses. À 7 meses que treinava
os seus golpes junto à pequena árvore. Depois no fim dos seus movimentos
rotinados olhava-a à procura de novos brotos… passar da violência à
sensibilidade de botânico é arte Samurai. As folhas eram escassas, bem como os
seus ramos. Mantinha o cuidado da rega, esmagava qualquer insecto que
identificasse e prosseguia meticulosamente a análise da superfície do tronco,
ramos e folha.
Pela janela uma jovem olhava-o. Ele sabia, mas era
impenetrável. Os samurais sabiam anular o desejo.
A rapariga tinha a respiração cortada, por um lado sufocada
por paixão sem verbos ou palavra trocadas… só um sentido e os seus sonhos a
deixavam assim. Por outro não seria bom que seu pai, o chefe da Aldeia e Mestre
Samurai, soubesse que os planos de casamento que tinha para sua filha pudessem ser
derrotados por uma paixoneta ridícula.
Se pensa o leitor que se trata de uma versão barata de Romeu
e Julieta, desengana-se. Barata sim, versão número dois não.
O Clã Hojo tinha agora grande influência sobre outro Clã
importante os Minamoto e estavam em Guerra declarada com o Clã Taira, família
de grandes samurais que detinha o poder sobre grande parte da Terra do Sol
Nascente. Nesta altura grandes batalhas se avizinhavam.
Numa noite de primavera, o jovem que plantou a árvore,
regressado extenuado de uma batalha ali perto… caiu perto de sua casa, como que
morrendo, sem se mexer e ganhando a forma do chão. Na Janela da casa em frente,
empoleiravam-se os mesmos olhos de desejo e amor. A jovem sacudiu-se de casa,
num relâmpago para tratar o corpo do jovem Samurai. Ninguém desconfiou.
Sabia-se a esta altura que o ajuda a quem acudia era corajoso e batalhava com
honra a lado do seu pai sem temer a dor ou a morte. Algumas feridas de guerra,
muitas cicatrizes nos braços tonificados… mas sem haver gravidade nos
ferimentos. Lambido o jovem tigre… a manhã primaveril desfolhou, inundou-se de
perfumes fortes de corpos num só, envolvidos pelo barulho do silêncio que
ninguém interrompia. Corpos entregues á paixão até ao desejo sair pela boca
disparado numa expiração forçada. Madrugadas violetas se repetiram…
para nas
manhãs os dois cuidarem da árvore e do jardim. Fora crescendo, brotava forte,
folhas redondas e verdes davam sombra e venciam o sol.
Todos estavam focados nas grandes
espadas de comprimento mais que suficiente para trespassar dois corpos. A
aldeia mantinha-se calma… mas distraída com tanta violência e Guerra prometida.
Os Taira aproximavam-se e o jovem e seu Mestre tiveram de agarrar os seus
homens e partir para o seu caminho.
Uma Batalha… menos homens, duas
batalhas mais sangue, três batalhas e mais corpos estropiados, quatro batalhas
vencidas, cinco guerras sem piedade. Mas os Hojo estavam bem liderados…
cansados mas determinados iam ceifando vidas a cada metro que avançam. O jovem
a cada batalha se sentia mais forte, mais determinado, mais ágil. Era capaz de
imaginar melhor o seu adversário e filmá-lo lentamente até o atingir. A cada
golpe conseguido, as folhas da sua árvore ficavam avermelhadas, a cada batalha
ganha surgia um novo corte na folha.
Já no Verão quente e ventoso o
exército voltou à sua Aldeia. Em casa da jovem sentia-se a falta de seu pai… a
privacidade antes exigida dava agora lugar a portas e janelas escancaradas. De
tão cansado e preocupado com o andamento da Guerra contra os Taira, o Mestre e
chefe da Aldeia ignorou a devassa e apenas exigiu solidão no Templo a buda que
tinha instalado em sua casa à espera de encontrar as melhores soluções.
Abertas as portas do Verão e da
Paixão… os corpos jovens consumiam-se em fogo e prazer. Em segredo maior a
aventura… Passearam… conversaram e claro cuidaram da Árvore.
No último dia de Verão o calor
aumentou e muito… uma secura trazida pelo vento sudeste nada comum por estas
bandas. O sol torrava a pele dos aldeões que colhiam o arroz que estranhamente
tinha atrasado a sua espiga…
O vento não trazia só calor… trouxe
também as armas do Clã Taira que circundou a aldeia durante a noite. Para
enfrentar o inimigo em circunstâncias justas, não houve surpresa. Anunciou-se a
presença e solicitou-se o duelo, não há lugar a cobardias, nem deslealdades por
estas Terras. Mulheres e crianças abandonaram calmamente a Aldeia e
dirigiram-se para cidade.
Os olhos dos nossos dois jovens prenderam-se,
fitando-se até os pescoços não poderem rodarem mais. Podia ser hoje o último
dia violeta, o ultimo dia de verão.
A batalha foi dura e violeta… não
interessa descrever aqui decapitações ou desmembramentos… Guerra é violenta, má
e cruel de qualquer maneira. Imagine o leitor, se assim o desejar, qual o
resultado quando estão frente a frente dois exércitos de guerreiros cultos,
treinados, honrados e que preferem a morte à derrota.
Até ao fim do dia… o vento foi
aumentando como o número de corpos sobre o chão. Até ao fim não se adivinhava
vencedor… sobravam poucos homens e nenhuns ficaram quando o nosso jovem repetiu
ao mesmo tempo um ataque simétrico ao do seu opositor. O Golpe atingiu o estômago
de um e de outro… morte lenta que este órgão dá. Golpes iguais na sua
velocidade, estilo e anatomia… mas só a viagem do jovem foi diferente… pois à
frente dos seus olhos a sua árvore ficou com as folhas rubras… ganharam o sexto
corte… com um tronco forte e raízes que se agarraram à terra com toda a força. A
árvore chorou todas as suas folhas que secaram a cada fôlego do seu jardineiro…morreu
à noite já no Outono.
Na Primavera seguinte os aldeões
regressaram à aldeia e com eles a rapariga filha do Mestre Samurai e amante do nosso
rapaz que se fez homem ao longo desta pequena história como vimos. Levou água à
árvore, cuidou-lhe o solo, devolveu-lhe ar às raízes e esta ganhou vida
devolvendo a memória das seis batalhas vencidas por seu pai e sua paixão.
Por isto o Acer Palmatum tem a folha vermelha
sobre um verde escondido, suave ao toque, delicada, recortada, dividida em seis e perde a sua folha no sol excessivo,
no vento quente ou na seca permanente. A cada Outono perderá a sua folha
ganhando vida na Primavera seguinte.


Adquiri esta árvore enquanto estudava em setubal, faz aí uns 4 anos. vamos ver agora o que consigo fazer dela.
Por terras algarvias penso ser melhor deixar esta espécie à sombra e abrigada de ventos. Assim que a trouxe para "o nosso jardim", brotou fortemente. É uma árvore que não aprecia sol directo nem calor, veremos como irá responder ao Verão Algarvio.
De acordo com o foi escrito atrás, interessa que no Verão se consiga manter uma rega frequente impedindo as raízes de secar.
Embora se possa podar ao longo de todo o período de crescimento, penso que irei deixar crescer bem este Verão, a fim de selecionar no Outono/Inverno que estilo é que poderá ter, pois irá perder a folha (Caducifólia) e na Primavera modelar a árvore.
O solo mais indicado para esta árvore é 100% Akadama. Por agora irei mantê-la para depois envasar noutro vaso com outro solo e depois envasar a cada 2/3 anos.
16.4.2008
16.4.2008
2.4.2008
13.2.2008
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