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terça-feira, 14 de maio de 2013

Acer Palmatum - honra

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Sapindales
Família: Sapindaceae
Género: Acer

Espécie: A. palmatum

poda formação a 28.12.2013, na escola jardim bonsai, com Rui Ferreira. O Sistema radicular surpreendeu-me pela positiva e poderá ser um ponto forte da futura árvore. No entanto tem problemas técnicos, que só irão ser remediados com o longo prazo. A árvore era muito alta para a grossura do tronco, pelo que se procuraram os gomos activos mais baixos e realizou-se a poda.

Honra


Reza a lenda que...


o espelho dizia estarmos perante um rapaz por volta dos16 anos, tão magro quanto disciplinado e com uma altura que prometia mais agilidade do que força.

Estava deitado sobre o chão com o seu corpo abandonado numa leveza que só à pouco tempo conheceu. Cada músculo se rendia a cada expiração lenta, como a brisa da manhã de verão faz desmaiar cada ramo de um Acer. Os seus ossos estavam completamente encostados ao chão, fundindo-se o branco mineral com o wenge escuro. A sua mente transportava o 'qi', da testa aos olhos escorrendo lentamente por baixo da sua pele branca, à palma da sua mão, ou até às juntas do seu joelho sempre tão lentamente… cartografando cada célula do seu corpo, cada pedaço de osso que sai um pouco mais proeminente e nos dá o aspecto magro. Conseguia transformar frio, ou quente, reduzir a dor e eliminar a gravidade. Conseguia consolidar cada instante no seu mais puro detalhe, cheiro, cor, o movimento rápido numa lentidão gigantesca, até encontrar a paz, a harmonia que os Deuses da Natureza prometem e podem oferecer, cada um deles em forma abstracta ou natural, na sua casa a Terra. Ou estudar os movimentos certeiros da sua arte marcial, olhá-los de fora e procurar o aperfeiçoamento. Ou observar o seu adversário, familiazar-se com o medo que pode sentir e domá-lo, controlá-lo… extingui-los. Leve e ao mesmo tempo pesado, com respiração lenta, espaçada… esperando o ar entrar nos pulmões pois os pulmões já não precisavam de aspirar o ar. Coração quente, a bater baixo, forte, ritmado. Trouxe o “qi” ao centro da testa... Reparou novamente que o seu corpo se afundava no chão, deu atenção aos braços desarmados, às pernas rodadas para fora, à espádua na madeira, a nuca sobre um pano branco. Franziu o frontal deixando rugas e relaxando-o de seguida, mexeu os dedos da mão depois dos pés. Movimentou os punhos, os cotovelos, afastou os braços até as mãos se juntarem sobre a cabeça. Mexeu as pernas, inspirou profundamente, susteve 5 segundos e expirou com força o ar e o medo. Samurai não tem medo. A morte é parte do caminho que se faz com honra. O Homem vai, o seu nome fica honrado, permanecendo. Assim diz o Bushido… que para estes homens de Hojo é o caminho. Sentou-se. Olhou em redor a casa minimalista… com o essencial… com o mistério que o espaço e o seu silêncio oferecem.

Afastou a porta que dá para o centro da aldeia. Deteve-se como se a aldeia fosse sua. Olhou-a, respirou-a. Desceu os três degraus de madeira e aproximou-se da árvore de folha verde e redonda que tinha plantado à 7 meses. À 7 meses que treinava os seus golpes junto à pequena árvore. Depois no fim dos seus movimentos rotinados olhava-a à procura de novos brotos… passar da violência à sensibilidade de botânico é arte Samurai. As folhas eram escassas, bem como os seus ramos. Mantinha o cuidado da rega, esmagava qualquer insecto que identificasse e prosseguia meticulosamente a análise da superfície do tronco, ramos e folha.

Pela janela uma jovem olhava-o. Ele sabia, mas era impenetrável. Os samurais sabiam anular o desejo.

A rapariga tinha a respiração cortada, por um lado sufocada por paixão sem verbos ou palavra trocadas… só um sentido e os seus sonhos a deixavam assim. Por outro não seria bom que seu pai, o chefe da Aldeia e Mestre Samurai, soubesse que os planos de casamento que tinha para sua filha pudessem ser derrotados por uma paixoneta ridícula.

Se pensa o leitor que se trata de uma versão barata de Romeu e Julieta, desengana-se. Barata sim, versão número dois não.

O Clã Hojo tinha agora grande influência sobre outro Clã importante os Minamoto e estavam em Guerra declarada com o Clã Taira, família de grandes samurais que detinha o poder sobre grande parte da Terra do Sol Nascente. Nesta altura grandes batalhas se avizinhavam.

Numa noite de primavera, o jovem que plantou a árvore, regressado extenuado de uma batalha ali perto… caiu perto de sua casa, como que morrendo, sem se mexer e ganhando a forma do chão. Na Janela da casa em frente, empoleiravam-se os mesmos olhos de desejo e amor. A jovem sacudiu-se de casa, num relâmpago para tratar o corpo do jovem Samurai. Ninguém desconfiou. Sabia-se a esta altura que o ajuda a quem acudia era corajoso e batalhava com honra a lado do seu pai sem temer a dor ou a morte. Algumas feridas de guerra, muitas cicatrizes nos braços tonificados… mas sem haver gravidade nos ferimentos. Lambido o jovem tigre… a manhã primaveril desfolhou, inundou-se de perfumes fortes de corpos num só, envolvidos pelo barulho do silêncio que ninguém interrompia. Corpos entregues á paixão até ao desejo sair pela boca disparado numa expiração forçada. Madrugadas violetas se repetiram…

para nas manhãs os dois cuidarem da árvore e do jardim. Fora crescendo, brotava forte, folhas redondas e verdes davam sombra e venciam o sol.


Todos estavam focados nas grandes espadas de comprimento mais que suficiente para trespassar dois corpos. A aldeia mantinha-se calma… mas distraída com tanta violência e Guerra prometida. Os Taira aproximavam-se e o jovem e seu Mestre tiveram de agarrar os seus homens e partir para o seu caminho.


Uma Batalha… menos homens, duas batalhas mais sangue, três batalhas e mais corpos estropiados, quatro batalhas vencidas, cinco guerras sem piedade. Mas os Hojo estavam bem liderados… cansados mas determinados iam ceifando vidas a cada metro que avançam. O jovem a cada batalha se sentia mais forte, mais determinado, mais ágil. Era capaz de imaginar melhor o seu adversário e filmá-lo lentamente até o atingir. A cada golpe conseguido, as folhas da sua árvore ficavam avermelhadas, a cada batalha ganha surgia um novo corte na folha.


Já no Verão quente e ventoso o exército voltou à sua Aldeia. Em casa da jovem sentia-se a falta de seu pai… a privacidade antes exigida dava agora lugar a portas e janelas escancaradas. De tão cansado e preocupado com o andamento da Guerra contra os Taira, o Mestre e chefe da Aldeia ignorou a devassa e apenas exigiu solidão no Templo a buda que tinha instalado em sua casa à espera de encontrar as melhores soluções.


Abertas as portas do Verão e da Paixão… os corpos jovens consumiam-se em fogo e prazer. Em segredo maior a aventura… Passearam… conversaram e claro cuidaram da Árvore.


No último dia de Verão o calor aumentou e muito… uma secura trazida pelo vento sudeste nada comum por estas bandas. O sol torrava a pele dos aldeões que colhiam o arroz que estranhamente tinha atrasado a sua espiga…

O vento não trazia só calor… trouxe também as armas do Clã Taira que circundou a aldeia durante a noite. Para enfrentar o inimigo em circunstâncias justas, não houve surpresa. Anunciou-se a presença e solicitou-se o duelo, não há lugar a cobardias, nem deslealdades por estas Terras. Mulheres e crianças abandonaram calmamente a Aldeia e dirigiram-se para cidade.


Os olhos dos nossos dois jovens prenderam-se, fitando-se até os pescoços não poderem rodarem mais. Podia ser hoje o último dia violeta, o ultimo dia de verão.


A batalha foi dura e violeta… não interessa descrever aqui decapitações ou desmembramentos… Guerra é violenta, má e cruel de qualquer maneira. Imagine o leitor, se assim o desejar, qual o resultado quando estão frente a frente dois exércitos de guerreiros cultos, treinados, honrados e que preferem a morte à derrota.


Até ao fim do dia… o vento foi aumentando como o número de corpos sobre o chão. Até ao fim não se adivinhava vencedor… sobravam poucos homens e nenhuns ficaram quando o nosso jovem repetiu ao mesmo tempo um ataque simétrico ao do seu opositor. O Golpe atingiu o estômago de um e de outro… morte lenta que este órgão dá. Golpes iguais na sua velocidade, estilo e anatomia… mas só a viagem do jovem foi diferente… pois à frente dos seus olhos a sua árvore ficou com as folhas rubras… ganharam o sexto corte… com um tronco forte e raízes que se agarraram à terra com toda a força. A árvore chorou todas as suas folhas que secaram a cada fôlego do seu jardineiro…morreu à noite já no Outono.


Na Primavera seguinte os aldeões regressaram à aldeia e com eles a rapariga filha do Mestre Samurai e amante do nosso rapaz que se fez homem ao longo desta pequena história como vimos. Levou água à árvore, cuidou-lhe o solo, devolveu-lhe ar às raízes e esta ganhou vida devolvendo a memória das seis batalhas vencidas por seu pai e sua paixão.


Por isto o Acer Palmatum tem a folha vermelha sobre um verde escondido, suave ao toque, delicada, recortada, dividida em seis e perde a sua folha no sol excessivo, no vento quente ou na seca permanente. A cada Outono perderá a sua folha ganhando vida na Primavera seguinte.






Adquiri esta árvore enquanto estudava em setubal, faz aí uns 4 anos. vamos ver agora o que consigo fazer dela.


Por terras algarvias penso ser melhor deixar esta espécie à sombra e abrigada de ventos. Assim que a trouxe para "o nosso jardim", brotou fortemente. É uma árvore que não aprecia sol directo nem calor, veremos como irá responder ao Verão Algarvio.

De acordo com o foi escrito atrás, interessa que no Verão se consiga manter uma rega frequente impedindo as raízes de secar.

Embora se possa podar ao longo de todo o período de crescimento, penso que irei deixar crescer bem este Verão, a fim de selecionar no Outono/Inverno que estilo é que poderá ter, pois irá perder a folha (Caducifólia) e na Primavera modelar a árvore.

O solo mais indicado para esta árvore é 100% Akadama. Por agora irei mantê-la para depois envasar noutro vaso com outro solo e depois envasar a cada 2/3 anos.



16.4.2008

16.4.2008


2.4.2008


13.2.2008

28.11.2007

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