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sábado, 19 de outubro de 2013

Estilos clássicos da arte bonsai







Aula 1 Escola Jardim de Bonsai

Para os entusiastas da arte bonsai, o Jardim de Bonsai é local de visita obrigatória.
Em plena Serra, com vista para o mar, a inspiração e o relaxamento fazem parte do ar. A visita à magnífica colecção Bonsai, do Mestre Rui Ferreira, vai levar cada um (sobretudo os novatos na arte) a questionarem os seus poucos conhecimentos, a qualidade das suas árvores e a sublinar a sua própria inexperiência. Assim a humildade desce à nossa mente e prepara-nos para uma melhor aprendizagem.

E assim foi. Uma aula teórica-prática, em que o tempo voou. Levei três árvores,  o Ulmeiro, a Olea Europaea e uma figueira. O ulmeiro foi transplatado, para o vaso definitivo (adquirido no Jardim de Bonsai) muito bonito. A árvore ganhou dinâmica, o contraste com o vaso liberta-a e o conjunto explora todo o seu potencial.Antes em estilo Moyogi, agora em Han-kengai. Ainda não terminada.

"Eu sou eu e as minhas circunstâncias, se não a salvo, não me salvo a mim" Ortega y Gasset



Foi possível observar um sistema radicular enfraquecido, devido ao mau solo e um vaso com drenagem insuficiente.

A Olea, agora saudável, também recebeu um novo vaso. Com melhor qualidade e melhor drenagem. Ainda assim, apresentava um sistema radicular saudável. Foi dada uma maior inclinação ao tronco, para continuar a formar um estilo Hokidachi informal.

Alterada a frente, maior inclinação do tronco. Podada ligeiramente, para baixar a copa.




A figueira foi transplantada para um vaso provisório, e levou uma poda drástica. O objectivo é formar um Shoin em estilo Han-kengai. Estava de boa saúde.


Os trabalhos realizados com ajuda total do Mestre Rui Ferreira.



Quercus ilex rotundifolia (Azinheira) - Estudo comportamental das nossas senhoras" e suas lendas

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fagales
Família: Fagaceae
Género: Quercus
Espécie: Quercus ilex rotundifolia
Nome comum: Azinheira


Se duvidas haviam, elas pesistem. Por isso, apresento nova frente. Esta azinheira respondeu extremamente bem ,ao tratamento com quelato de ferro.Brotou precocemente no inicio de Março. Assim adiou-se o transplante que se tinha agendado. Continuarei o esforço para adequar as regas a este solo, já tão saturado. O Rui baixou um pouco mais a árvore e eliminou o que poderia ser um dos troncos da árvore. A sua posição, pouca conocidade e movimento ajudaram a decisão. É Tempo de engrossar ramos, ptendo sido adubada. (5.4.14)





Após poda de formação na aula com Rui Ferreira, escola Jardim Bonsai. 28.12.2013


Estudo comportamental das "nossas senhoras" e suas lendas


As Azinheiras, apesar das suas folhas espinhosas, devem conter características ideais para receberem as "nossas senhoras". As virgens, surgem normalmente no cimo de Azinheiras. Preferencialmente, realizam as suas aparições nas árvores com 10 metros de altura. São primeiramente avistadas por crianças ou adolescentes, passando segredos e solicitam investimentos imobiliários no local da árvore. Caso se retire a figura, do cimo da árvore, no dia seguinte está regressada ao cimo da Azinheira e sublinha a sua intenção de ali permanecer. Assim que se constrói a Capela ou Ermida, instala-se de tal forma que nunca mais é avistada. É um comportamento inexplicável, mas prevísivel.


Após a descrição ambiental e comportamental das "nossas Senhoras", importa descrever com um determinado pormenor, mas não muito, alguns episódios:

Em 1917, perto de Fátima, na Cova da Iria,  a Nossa Senhora de Fátima surgiu no cimo da "Azinheira Grande" a três pequenos pastores de nome Francisco, Lúcia e Jacinta. Pensa-se que a esta altura, Nossa Senhora terá deixado a Rússia a tempo e viajou pela Europa até se instalar na "Azinheira Grande".
Chegou muito aborrecida da viagem e sem ter grande preocupação pelas crianças, desatou a lamuriar-se pelos pecados dos homens. De tal forma, que as crianças o deixaram de ser. Passaram a ter uma vida angustiada, por guardar tamanhos segredos e terem de conservar a missão de viver sob o sacríficio, para ganhar o céu e a simpatia de Deus. A Azinheira lá não ficou, foi substituída pela Capelinha das Aparições. Cá está aquela tendência imobiliária que falei à pouco. A Azinheira que se encontra ao lado da Capela, é uma outra árvore... que era vizinha do outro grande exemplar.

Apesar deste ser o episódio mais conhecido, anteriormente outra Nossa Senhora já teria aparecido no cimo da Azinheira dos Bairros. Isto mais a sul, no distrito de Setúbal. Hoje a localidade designa-se por Azinheira dos Barros.
Independentemente do nome do sítio, certo é que surgiu, não se sabe de onde, a tal Senhora. Como é próprio, colocou-se no cimo da Azinheira. As gentes do local, surpreendidas e admiradas passaram a prestar vassalagem à Senhora. Os homens mais influentes da aldeia, durante a noite determinaram que a Azinheira não era local para estar uma Santa. "E Se a Senhora cai", "e se a senhora se pica", "e se vem o vento", "e a chuva", "e os lobos", "e as bruxas". Combinaram segurar a Senhora e levá-la para o Outeiro de Palmela. Aproveitaram o sono da virgem e sem lhe perguntarem nada, deixaram-na bem acomodada no Outeiro de Palmela. Na manhã seguinte, a Senhora acordou e tinha a vista limpa sobre a Arrábida e Península de Setúbal, podia observar os meandros do Sado e respirar ar puro em silÊncia e paz. Mas como ninguém lhe tinha perguntado nada, ficou irritada ao ponto de voltar de braços cruzados e pescoço enterrado nos ombros para o cimo da Azinheira dos Bairros. Os chefes da Aldeia, logo foram avisados e dirigiram-se até ao local. Quando avistaram a Santa, logo perceberam que os humores estavam azedos. "Mas quem se julgam para pegarem num ser sagrado e o levarem para um Outeiro? Deus está muito zangado convosco! Zangado não, está furioso! Aliás acabo de saber que está irado! Vós sois tolos ou quê? Vamos lá embora a rezar aí cento e vinte sete pais nossos e trezentas e quarenta e seis avés marias". Bom, ao pleno Sol, os homens lá rezaram e rezaram e rezaram... esperando que os azeites de Deus passassem. Penso que rezando ou não, é uma questão de tempo para o Senhor recuperar o humor. Mas pronto, pelo menos a Santa ficou um pouco mais satisfeita. Mas, depois de agradecer um dos homens perguntou "e que mais poderemos fazer por vós?". A Senhora franziu o sobreolho, olhou para cima e para a esquerda na direcção do céu, bateu três vezes com o indicador nos lábios e respondeu. "Já sei! Vou contar-vos um segredo." Lá cochichou uma frase, que parecia importante pela expressão da Santa. Mas não era possível ouvir. Um cochicho, não vai além de uns centímetros e a Senhora estava no cimo de uma Azinheira de 10 metros. Então teve de dizer a alto e bom som "Façam-me aqui uma capela pá! irra que são surdos!" E pronto os homens e mulheres, lá reuniram esforços e construíram naquele mesmo local a capela. Está visto, que nunca mais apareceu.

Já em Alfrívida, perto de Castelo-Branco, apareceu a conhecida Nossa Senhora dos Remédios. Mais uma vez, prantou-se no cimo de uma Azinheira e quando viu duas crianças a passar lá em baixo, iluminou-se para chamar a sua atenção. Uma das crianças ainda pediu "Mas o que é isso! Desliga os máximos! o que é que fazes com uma mota no cimo de uma árvore?!" e a Santa lá reduziu a intensidade da luz e suspirou "Ooohhh valha-me Deus, esta juventude...! Eu sou a Nossa Senhora dos REmédios, rezem lá vinte pais nossos e peçam ao presidente da junta para levantar aqui uma capela." Nisto uma das crianças pegou numa pedra e arremessou-a contra a figura, felizmente conseguiu-se desviar. "éééééllllláááááá... oh menino, a tua mãe não de dá Educação?!" E num ápice, desce ao chão e envia duas pequenas pedras, cada uma a cada testa. Os miúdos choraram, claro, pelo arranhão que lhes foi provocado e pelo sermão que tiveram de receber. Bom... a Santa lá se acalmou e a sua consciência trouxe-a de novo ao lado do bem. Assim, aconselhou os miúdos a fazerem uma cova no solo, até encontrarem água. Surgiu em abundância e muito rapidamente. "Lavem as vossas faces e ficarão bem." E assim se acalmaram os choros e se curaram as feridas dos catraios. Apesar de ganhar muitos devotos com estes milagres, a nossa senhora não viu construída a Ermida que tanto desejava. Deverá ter ido pregar para outra freguesia.


Em São Brás de Alportel, no Poço dos Ferreiros, existe uma Azinheira com 250 anos. São árvores que podem atingir centenas ou mesmo o milhar de anos.


sábado, 12 de outubro de 2013

Curso Nível II na Luso-Bonsai - Transformação e aramamento

No curso nível dois, da luso-bonsai, trabalhei este ulmeiro. Escolhi a frente por se conseguir observar Nebari, por o movimento do tronco ser mais elegante e devido à inclinação do ápice em direcção ao observador. A primeira pernada, foi selecionada com facilidade, assim como, a pernada que confere profundidade. No entanto, o tronco estava demasiado longo e sem possibilidade de encontrar um ramo para equilibrar o movimento. A árvore ficaria demasiado esguia, que lhe daria um aspecto frágil. Com a ajuda do formador José Machado, fez-se um enxerto para fazer segunda pernada, a fim de "vestir" o tronco. Com uma rama que será eliminada na origem, assim que pegar no local desejado.

Trabalhei também um Juniperus, do qual não tenho a foto. Modelei para uma futura cascata.

De seguida, no entusiasmo, tinha levado a minha laranjeira. Descobri um movimento do qual gostei. Reconheço que o inicialmente o tronco é demasiado direito, com muito pouco movimento. Para minorar este aspecto, no próximo transplante vou procurar dar-lhe uma inclinação, que ajude a optimizar o pouco movimento do tronco. É verdade, que o estilo Hokidachi, seria possível. Mas o ramo que eliminei estava muito grosso, perdendo-se o efeito de cone que acontece na natureza. Assim, com esta pode drástica (fora de época, é certo) procurei seguir alguns princípios aprendidos.







 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Varrida pelo vento

Aguarela de Fernando Tordo
Passou por aí um vento. E continua a passar. Levou-me primeiro as folhas, que criei nos sonhos de Abril. Levantou-se este vento. Que continua a passar. Com um sopro levou os frutos do meu trabalho suado de Verão. Deu-me em troca a sede. Apenas passou ao de leve, com mãos invisíveis. Deixou-me nua. Deseja-me nua. Embala-me suavemente. E depois arrefecendo, adormece-me de frio. E continua a passar, já sem resistência da folhagem verde. Vai roubando a casca, magoando a madeira. E lá vão cedendo. Vão-se ajoelhando, nuas, ao frio, à sede, à fome. E quando já o vento tiver passado, voltamo-nos a erguer do chão, todas juntas.

O pior, é que todas nós, voltaremos a esquecer o que em Abril se passou e outras correntes de ar voltarão. Direi novamente... que passou por aí um vento. E continua a passar.

Só peço a este vento, que na volta que dá ao mundo, ao menos, me traga as raízes de volta.