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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Cursos bonsai Nível I e II na luso-bonsai



Mais informações e inscrição:
 http://www.luso-bonsai.com



Punica Granatum var. nana - lábios romã

Reino: Plantae
Filo: Magniolophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Myrtales
Família: Lythraceae
Género: Punica
Espécie: Punica Granatum var. nana


Transplantada a 15.2.2014




 Lábios romã


som de chave na porta

range ligeiramente a denunciar
a noite em fogo,
entram em entrelaçados...
incendiados de desejo
descobrem a pele um do outro,
e as costas rebolam para outra parede
beijo ofegante, lábios romã com pressa
mãos irrequietas semeiam roupa no chão
brasa de pele, parede fria...

tronco quente de homem
abalroa docemente...
a mulher na parede
e desce a sua boca até ao peito,
e barriga
e dedos na nuca perdidos nos cabelos
empurram-se abraçados para outra parede
range a porta
que ninguém denuncia
botões fora
corpos nus naquele beijo fundo

primavera

vem o calor no corpo
e o desejo de se terem
e têm-se mais devagar
festejam os corpos em suor
e vão subindo os dois em si
puxados um pelo outro e vão
e outro abraço
e um suspiro

duas palavras que se dividem

arrefecem na madrugada sem arrefecer
chega a gata aos pés da cama e sobe para a ternura
que a paixão que fez ranger as portas já dorme



quarta-feira, 19 de junho de 2013

Olea europaea var. L. var. sylvestris (Miller) Lehr - Zambujeiro

Reino: Plantae
Divisão: Angiospérmica
classe: Magnoliopsida
Ordem: lamiales
Família: Oleaceae
Género: Olea
sub-espécie: Olea europaea var. L. var. sylvestris (Miller) Lehr
Nome comum: Zambujeiro

10.11.13 poda de formação na Escola Jardim Bonsai. Em baixo a futura frente, mostrando a madeira morta e aproveitando o movimento da base.

A palavra mais construtiva e ao mesmo tempo a mais destrutiva poderá ser a palavra: "porquê?"

20.8.2013


 As oliveiras possuem folha perene e o seu período de crescimento está compreendido entre o verão e o Outuno. Abranda no Inverno. As raízes desenvolvem-se lentamente, pelo que o transplante pode ser feito de 3 em 3 anos caso o solo esteja realmente em mau estado.A poda de manutenção pode ser realizada durante a época vegetativa, estando indicado deixar crescer 6 a 8 folhas deixando depois as 2 primeiras.



Esta Olea foi oferecida pelo Carlo Madeira (obrigado) logo recebeu uma poda drástica. aguardamos que engrosse os ramos.

Este era o aspecto inicial da planta. Esboçava uma copa contrária ao movimento do tronco, portanto sem lhe dar o devido equilíbrio

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Pontes cruzadas


O cérebro... o sistema nervoso, o sistema nervoso central e o periférico....           ..... e o corpo. O cérebro e o corpo. E a palavra que ninguém conhece, nem há, mas que junta cérebro e corpo num só elemento, num só significado e penso que pessoa e humano não será suficiente. Porque corpo e cérebro têm uma relação dialéctica. Assim como as raízes de uma árvore têm com as suas folhas. de cima para baixo e de baixo para cima.

O cérebro é um órgão que apresenta aquilo que pode ser a realidade, mas não é necessariamente a realidade real. É a realidade real mais a realidade do organismo... e a realidade é também a consciência de Si. com o intuito de fazer agir o corpo nessa realidade e manter-se vivo... ou manterem-se vivos. Tem abstracção e a consciência de si, 'o sentimento de si'. Chegou ao cúmulo de ser o único órgão no universo a estudar-se a si próprio. Estudando-se conscientemente.


  As árvores apanham sol, fazem a fotossíntese, elevam a água desde o solo até metros de altura a perder de vista. Optaram pela não-acção e todos os dias agem... fazem crescer ramos... mesmo que partidos, cortados ou infectados... recuperam de alguma forma o seu equílibrio. Ficarão as mesmas árvores? Dependerá da extensão da mudança.

Os neurónios ramificam-se... mas até certo ponto, até certa altura, até certa fase, quando morrem não mais se regeneram. Mas encontram outros caminhos... outras sinapses... encontram outros equílibrios. Continuamos a mesma pessoa? Não sei, há uma permanência, uma identidade, um 'si'. Mas tudo dependerá da extensão da mudança.

Numa primeira aula de eto-ecologia perguntaram-me o que é mais evoluído? o homem, a galinha ou a árvore? Haverão muitas respostas certas, mas a evolução trouxe-nos até aqui, vivos e adaptados... ninguém ganhou.
A complexidade deve servir em primeiro lugar para nos acalmar, pois há alguém a dizer-nos como estamos no que está à nossa volta.

Fazer crescer novos ramos e resgatar novos caminhos. Talvez possa ser só isso o nosso dia-a-dia... mas não é.

"(...) Mas permaneci afastado. O drama das situações em que a lesão do cérebro provoca coma ou estado vegetativo, as situações em que a consciência fica mais radicalmente alterada são acontecimentos que, se me tivesse sido permitido escolher, teria preferido não observar. Poucas coisas são tão difíceis de testemunhar como o desaparecimento súbito e forçado da mente consciente numa pessoa que se mantém viva e poucas coisas são tão dolorosas de explicar a uma família como esse desaparecimento. (...) que a consciência perdida poderá nunca mais ser recuperada?" In Sentimento de Si, António Damásio (2000)






segunda-feira, 10 de junho de 2013

Populus Nigra - Desculpa ter chegado tão tarde

Reino: Plantae
divisão: Magnoliophyta
classe: Magnoliopsida
ordem: Malpighiales
família: Salicaceae
género: Populus

Parece que as três estacas pegaram.  Ainda é cedo, mas arrisco que vão sobreviver. Recolhi estes ramos no meu local de trabalho, pois derrubaram o choupo que nos dava sombra. As suas fortes raízes foram longe demais, danificaram canalizações, muros e o pavimento exterior. Sinceramente parece-me um choupo-negro, mas também se pode tratar de um populus tremula. Abaixo a flor, que desabrochou já em vaso. 1.4.14





Desculpa ter chegado tão tarde

Dezassete horas, hoje saiu cedo. lá vinha ele pela rua, mais junto do muro alto amarelo do que da estrada alcatroada de onde chegavam os ruídos e os fumo de pequenas e atordoantes motorizadas, de carros com uma só pessoa com música pneumática e autocarros carregados e cansados das horas de ponta. Desviou-se de um choupo ou álamo negro bem alto com a sua base a empurrar as pedras de mármore para fora da ordem que o calceteiro lhes deu. Aquele alcatrão retalhado estava a condizer com o espírito daquele homem, que fazia os seus metros com os olhos a arrastarem-se pelas pedras de calçada, costas curvadas, um braço a segurar a asa da mala de executivo que já rasava o chão. Parou. alargou o nó da gravata azul, soltou o colarinho do ultimo botão para dar espaço ás carótidas com pulso fraco. Mandou o ar fora, juntou as omoplatas, ergueu os ombros... mas deixou-os cair novamente para levar aquela postura frágil e cansada.


Poplars de Van Gogh retirado de http://briarcroft.wordpres
s.com/tag/populus-nigra/


Não passava despercebido às velhas que passavam no passeio. Seria o quadragésimo quinto a ser levado ao banco dos réus das octogenárias. Não recebeu críticas duras, o sentimento de pena que as grisalhas sentiram não as deixaram ir mais além do que o comentário 'coitado...' O homem que acompanhamos continuou no mesmo passo lento e carregado, virou a esquina, preparou o ataque à passadeira olhou para cima e sorriu com a fachada do prédio moderno que habitava. Feliz de quem sorri para o seu lar. Verde, cruzou a rua ao mesmo tempo que com o braço que tinha livre, procurava as chaves no bolso das calças e do blazer, caiu o maço de cigarros por entre os passos. Olhou para trás e para o chão, o pacote já estava amachucado, vincado assim como ele quase vazio, deixou-o pela rua. Encontrou as chaves... à medida em que subia os 5 degraus escuros que davam acesso à grande porta envidraçada. A porta do elevador abriu-se assim que a plataforma chegou ao rés-do-chão, como sempre faz despida de qualquer relação. Há portas que nos dizem algo, que nos fazem pelo menos adivinhar o que estão a guardar mas as portas de elevador não têm alma, são descartáveis... abrem-se e fecham-se... nem tão pouco envelhecem. Ali ficam frias e metalizadas até não haver fim. Depois o 6º andar, a porta com a letra E. Um vaso bem tratado, com uma planta qualquer com as folhas carnudas desmaiadas para o chão. Vida. Chave na porta, abrir e fechar a rua nas costas é muito confortável. Nem por isso alterou a sua expressão. Ouviu a esposa na sala a folhear um romance, estava descansada sobre o sofá.

- Tão cedo querido?! Passa-se alguma coisa no trabalho, tens vindo sempre tão cedo.

Sorriu, com um braço nas costas do sofá, debruçou-se para chegar aos lábios de sua mulher, respondendo a meio da trajectória:

                                                          - É... não, lá está tudo bem.

E o silêncio engoliu-o de novo na expressão trancada.

- Em que pensas?


                     - Bem... em nada.

-Em nada?


                                                           - Nada.

- É sobre aquilo outra vez? Sabes que não seria fácil.

                  - Eu sei. Mas... não vale a pena.

- Porque ficas em silêncio, quando nele guardas tantas palavras e me deixas na angústia de te adivinhar?

- Onde é que ele está?

- No quarto a brincar. Veio bem da escola.

E os olhos voltaram às páginas do romance, para bem longe dali... enquanto que na viagem do homem até ao quarto apenas faltava um outro álamo negro ao vento.
Deixou todo o tronco escondido na parede e só deixou a cabeça para lá da ombreira da porta. Deteve-se a olhar o seu tesouro que brincava no tapete azul, num quarto cheio de histórias boas... e más. Ficou ali, como um choupo embalado pelo cochichar das falas que se atribuíam a cada boneco, ao som mais evidente de um carrinho que passou em toda a velocidade, do acidente e das sirenes do pronto socorro. O sorriso ficou finalmente desenhado na sua face sem de imediato se apagar. Tão bom. Ficou tudo bem... foram todos para o hospital.
Um movimento denunciou-o, a criança voltou-se para trás:

- Olá.

- Então meu filho, tudo bem?

- Hhhhhmmmm, sim...

Entrou e sentou-se no meio da bonecada, ali era mais difícil dar asas à imaginação. Pegou num boneco mas não conseguiu dar-lhe coração. Caramba! É assim tão difícil brincar? Pelos vistos cada vez mais, nem os super-heróis já sabem brincar. Qual é o adulto que tem o poder da brincadeira? Interpelações que chegaram agora ao homem novo mas cansado... de fato executivo... porque não sei eu brincar?

- Queres brincar? - perguntou a criança?

                                        - Sim, claro.

E num instante saiu um carrinho da sua garagem situada debaixo da cama.

                                                                    - Desculpa ter chegado tão tarde. - disse o homem.

- Quê?

                                      - Desculpa ter chegado tão tarde...

- Tens chegado cedo até.

                                       - Sim, tenho... mas cheguei tarde.

- Eu gosto de brincar contigo.

                                            o homem sorriu e fez pairar um avião.

- Eu gosto de ti.

                                         - Eu adoro-te meu filho... mas gostava de ter chegado mais cedo.

- Sonhas comigo?................................... pai?! - O homem levantou a cabeça do tapete azul, estrelas cintilantes nos olhos a ameaçar cair... finalmente se viu ali felicidade.... plenitude, realização... as costas ergueram-se finalmente, respirou ar novamente... ficou rosado... com sangue.

- Se sonho contigo? claro, meu anjo.

- E acordarias para me vir buscar aos meus?

                                              Um abraço... e um segredo ao ouvido

                                                   - Amo-te para isso... para te ir buscar e te levar a uma família feliz.

- Pai?

- Sim, meu filho?

- Leva-me aos baloiços.



De Kandinsky, retirado de http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/kandinsky/kandinsky.comp-7.jpg

domingo, 9 de junho de 2013

Punica Granatum - Romã a fruta do Rei Salomão


Reino: Plantae
Filo: Magnoliophyta
classe: Magnoliopsida
ordem:Myrtales
família: Lythraceae
género:Punica
espécie: Punica Granatum
Nome comum: romãzeira, romeira, milgreira, milgranada, milgrada

Primeira poda de formação a 28.12.2013, na aula com Rui Ferreira


A Romãzeira e a sua exótica infrutescência, é uma árvore referenciada nas sagradas escrituras de Cristãos e Judeus. Deve ser planta natural da palestina... embora existam antigas referências a esta espécie ao longo da costa mediterrânea.  É claro que antes destas religiões sugarem os credos dos pagãos, a romã já era sagrada e servida aos Deuses para que estes acalmassem a nervura com o seu sumo. Surgiu sempre associada à Vida, à fecundidade e fertilidade... de tal forma que o Rei Salomão bebericava frequentemente o seu vinho e o seu sumo para satisfazer ou satisfazer-se com setecentas mulheres e trezentas concubinas... Assim se vê que... bem lidas as escrituras... bem o mundo pode ser interpretado de tantas formas quanto o número de sementes que cada romã oferece. O desejo faz parte de homem e mulher... ainda bem que há romãs e que não acabem, pois alimentam a inspiração.

Sonho causado pelo voo de uma abelha ao redor de uma romã um segundo antes de acordar. Salvador Dali (1944).

Madona Dreyfus (Madona da romã), Leonardo da Vinci ainda na Oficina del Verochio (1470 - 1472?)



quinta-feira, 6 de junho de 2013

Serissa foetida - hospital dia :-)

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Gentianales
Família: Rubiaceae
Género: Serissa
Espécie: Serissa Foetida

foto a 6.6.2013
A Serissa foetida é um arbusto de folha perene, oriundo da Ásia. Tem crescimento rápido e obtém pequenas e bonitas flores brancas.

Recebi esta árvorepara perceber se estaria ainda viva. O floema mantem-se verde, pelo que tenho alguma esperança de a conseguir recuperar... Aparentemente e pelas informações que obtive o modo de rega e sua frequência não serão os mais correctos.

Após consulta aos meus mestres do clube bonsai do algarve,
mudei-a para o exterior, em local abrigado de sol e vento. vou adequar a rega ao 'mau' solo e aguardar a resposta da árvore.


foto a 6.6.2013

Infelizmente ainda não posso anunciar novos brotos. Ao final de 15dias mantenho a rega regularidade da rega. Continuemos à espera da resposta da árvore.

 Más notícias, a serissa não resistiu. O floema secou e o tronco está solto. Não consegui reanimar a árvore. Lamento. 3.7.2013