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quarta-feira, 3 de julho de 2013

Bonsai ou "árvore em vaso"

Vamos tentar hoje operar de uma forma mais formal ou académica. Vamos entender tudo isto como um exercício ou um apontamento, talvez tivesse merecido ser a minha primeira mensagem.

É difícil encontrar consenso relativamente à tradução da palavra japonesa Bonsai para português. Segundo Prescott (2002) a tradução directa é "árvore em vaso". Outros autores admitem bon significa "vaso" e sai "cultivar" (Ricci 1996). A ideia está lá mas a primeira parece-me mais correcta. Para desampatar Tomlinson (1996) admite a tradução de Bonsai como "bandeja baixa e planta". A palavra é originária da China e designa a arte que se admite ter iniciado há pelo menos 2000 a.c.. Em japonês são utilizados os mesmos caracteres que na china para escrever bonsai. Pois as primeiras árvores e técnicas foram oferecidas por aristrocratas chineses a diplomatas nipónicos que depois disseminaram a arte e acrescentaram técnicas e conhecimentos diferenciando-se mais tarde das técnicas e estilos artísticos chineses (Prescott, 2002). Pode ainda acrescentar-se que os artistas chineses mantiveram um estilo de árvore que remete a uma paisagem, em que podem incluir a presença de figuras, estilo que se pronuncia por "penjing" ou "punsai". Também o estilo de vaso utilizado pela arte chinesa é diferente comparativamente com os vasos japoneses.


 Segundo Prescott (2002) os japoneses resumiram a arte aos aspectos naturais e aparentemente mais simples de uma árvore (tronco, ramos, folhas, proporção e a relação com o vaso) melhorando as técnicas de intervenção e manutenção. Estas técnicas possibilitaram por exemplo a modelação e manutenção de árvores ao longo de séculos. Como por exemplo:

Este pinheiro com 800 anos pertencente ao Mestre Kobayashi, exposto no seu jardim Shunkaen

retirado de Bonsai Empire, 5.7.2013


ou este pinheiro com registos superiores a 500 anos que pertenceu ao clã Tokugawa pertencente à National Bonsai Collection

Retirado de Bonsai Tree Gardener


 Os primeiros Bonsai terão sido introduzidos na Europa por volta do século XIX, após a Feira Mundial de Paris. Mas como os ocidentais não sabiam mantê-las, as plantas rapidamente morreram (Prescott, 2002; Tomlinson, 1996). Segundo Prescott (2002) foram os combatentes na segunda grande guerra que trouxeram as técnicas e as árvores como recordação e contribuiram decididamente para a disseminaçào da arte. Ao longo do século XX e XXI os praticantes aumentaram, os produtores aumentaram e a qualidade das árvores diminuiu (Prescott, 2002). Para obter uma boa árvore ou se escolhe um bom artista/produtor ou criamos a nossa própria árvore a partir da semente, de uma compra num viveiro ou apanhando da natureza (uma técnica a realizar com a certeza de um impacto minímo na natureza, com certezas de que a árvore sobrevive  e que se respeita o proprietário do terreno). Dizer a esta altura que o Bonsai não é uma espécie de árvore, poderemos utilizar qualquer árvore/arbusto para desenvolver um bonsai, mas existem espécies mais apropriadas devido às suas características naturais como a qualidade do tronco, tamanho da folha e à adequação às condições atmosféricas onde irá ser colocada. Bonsai também não é apenas manter uma árvore num vaso, pois o Bonsai tem uma nota artística determinante, que aproxima as dimensões do bonsai às árvores encontradas na natureza e é também uma forma de expressão artística sendo necessário o conhecimento de técnicas e algum talento para desenhar uma boa árvore.

As notas e possibilidades artísticas de expressão e modelação das plantas, os conhecimentos científicos necessários para manter as árvores saudáveis, são por si uma excelente forma de aproximação, compreensão, regresso e contemplação ao que temos de mais precioso, a natureza.



 David Prescott (2002) Manual do Bonsai. Editorial Estampa.

Ricci M. (1996) O cultivo do Bonsai. Girassol edições

 Tomlinson H. (1996) 101 sugestões - Bonsai. Dorling Kindersley, civilização editores lda.










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