Páginas

sábado, 6 de junho de 2015

Gottfried Wilhelm Leibniz - Serissa

Com o crescimento e resposta desta Serissa, poderei mudar de ideias relativamente ao seu futuro.


Gottfried Wilhelm Leibniz

Filósofo, matemático e conselheiro político alemão, nasceu em 1646 em Leipzig e morreu em 1716 em Hanôver. Foi importante para o desenvolvimento da Metafísica e da Lógica, tendo-se distinguido ainda pela invenção do cálculo diferencial e integral. O seu sistema filosófico é pluralista, racionalista e optimista.
Espírito universal, desenvolveu o seu génio encicoplédico através da convicção de que não há nada que não esteja em relação com o todo e que este todo é bom. Leibinz encarna uma razão optimista, certa de encontrar na superação das oposições (entre confissões, entre escolas, entre antigos e modernos) a chave do progresso espiritual e do bem-estar da humanidade. Propôs-se como reconciliador e promotor de uma Europa indissoluvelmente cristã e culta. Terá sido, juntamente com Malebranche, seu contemporâneo, a sua última grande voz. Deixou-nos como herança o poder da sua reflexão lógica e matemática e, de modo particular, a permanente preocupação em reedificar o pensamento sobre o cálculo, o que actualmente, no século do computador e da inteligência artificial, não é de todo letra morta.
Quando, com a idade de quinze anos, entra na universidade de Leipzig, cidade onde nasceu em 1646, Leibniz, que já dominava perfeitamente o latim e o grego, era também senhor de um sólido conhecimento da tradição escolástica, que nunca vai menosprezar nem esquecer. Não demorou a iniciar-se igualmente no pensamento moderno, do Renascimento, assim como no de Descartes, em cuja herança cultural a sua obra virá a inscrever-se. Defendida a tese de licenciatura (em 1663), parte para Iena, onde se aperfeiçoa na matemática e se dedica à história e ao direito. Ao regressar a Leipzig obtém o mestrao em Filosofia (1664), com uma tese em que prova que as questões de direito são indissociáveis das duas formas de discurso universal, a filosofia e a lógica. Termina a formação jurídica em Altorf, perto de Nuremberga, onde obtém o doutoramento em Direito (1666), com uma ttese intitulada De casibus perplexis in jure, que fundamenta o recurso ao direito natural em muitos casos embaraçosos. A sua competência vai ser notada por uma personalidade influente, o barão de Boyneburg, que o introduz ao serviço do eleitor de Mogúncia.
Paralelamente, a sua Dissertatio de arte combinatória (1666), reabrindo uma via anteriormente explorada por Raimundo Lúlio, esforça-se por reduzir a filosofia a um cálculo lógico. É a sua primeira tentativa de construção de uma «característica universal», ideia que jamais abandonará ao longo de toda a sua vida. Trata-se de criar e de fazer funcionar o alfabeto dos pensamentos humanos, de modo a unificar os conhecimentos existentes e a adquirir outros, com uma fecundidade inesgotável. Tratava-se de sublinhar a evidência enquanto resultado da harmonia entre o saber e um universo onde reina o princípio de razão suficiente (tudo tem a sua razão de ser e tudo está interligado).
Esta harmonia é a da criação divina, onde nada foi deixado ao acaso, onde uma escolha inteligente se revela a todos os níveis: os fenómenos físicos explicam-se pela grandeza, figura e movimento, mas figura, grandeza e movimento na sua interdependência efectiva não permitem de modo algum prescindir de Deus. Muito pelo contrário, a natureza dá testemunho contra o ateísmo (Confessio nature contra atheistas, 1668). Leibniz, ao tornar mais precisa a noção de força e reelaborando a de substância , refez o laço cortado pelos modernos entre corporal e espiritual. Procedendo assim, acumula argumentos contra uma divisão de outra natureza, a que separa a cristandade em dois blocos hostis. Leibniz, que durante toda a vida permanecerá fiel ao Luteranismo, pretende trabalhar pela reaproximação das religiões. Por exemplo, ao introduzir a sua teoria da substância no centro do debate filosófico-teológico sobre a transubstanciação – qual é a natureza da presença divina no sacramento da eucaristia? -, dirige-se , desde 1671, ao grande Arnauld para o persuadir da compatibilidade de pontos de vista aparentemente inconciliáveis. Há outra dolorosa divisão, a da Alemanha. Está relacionada com o conflito religioso e com a supremacia francesa de então. Leibniz, apesar de escrever em francês o essencial da sua obra, faz apelo ao renascimentos cultural da sua pátria (principalmente ao preconizar a criação de uma sociedade alemã das artes e das ciências). Por insistência do eleitor de Mogúncia e de Boyneburg, encarrega-se de uma missão diplomática ambiciosa: dirigir para o Egipto, portanto contra os Turcos, a sede de conquista do Rei-Sol. O projecto fracassa logo que chega a Paris, em 1672. A morte, um após outro, dos seus protectores vai permitir-lhe ficar nesta cidade para se dedicar a trabalhos pessoais, o que se verificará até 1676 (interrompida e continuada por viagens a Inglaterra). Multiplica os contactos com Arnauld, Christiaan Huygens, Malbranche, etc., lê os manuscritos de Pascal, aprofunda o seu conhecimento do cartesianismo. As suas pesquisas matemáticas estão bem encaminhadas e, depois de ter descoberto o cálculo diferencial, inventa em 1676, independentemente de Newton, o cálculo infinitesimal, o que deu origem a uma polémica de prioridade. Nomeado, neste mesmo ano, bibliotecário e conselheiro do duque de Hanôver, leva a sua filosofia à maturidade, sobretudo através do Discurso de Metafísica (1686), em que distingue as verdades necessárias das verdades contingentes no interior do entendimento e da vontade infinita de Deus. Ao mesmo tempo, exorta os Alemães a «melhor cultivar a sua razão e a sua língua», continuando a trabalhar pela criação de uma academia das ciências (que será fundada em 1700, em Berlim) e pela unificação das igrejas.
Escrtios em 1704, os Novos  ensaios sobre o entendimento humano respondem às teses empiristas de Locke (a sua publicação, adiada por Leibniz devido à morte do filósofo inglês, só terá lugar em 1765). Em 1720, no auge da sua fama, Leibniz responde com a Teodiceia a todas as tentativas de pôr em contradição a religião e a razão. Justifica o mal existente demonstrando que é necessário à harmonia do mundo, que é o melhor possível: optimismo filosófico, que Voltaire, no Cândido, maliciosamente se dá ao prazer de ridicularizar.A Monadologia, escrita em 1714 e publicada em 1721, após a morte do autor, é uma obra-prima de concisão, onde se desenvolve a concepção de um universo composto por mónadas, átomos espirituais que são os elementos irredutíveis de toda a realidade composta. A obra não foi compreendida na época, Leibniz só encontrou indiferença por parte dos seus contemporâneos, para não falar na vingança do clero, que teve de suportar nos seus últimos dias.

Sem comentários:

Enviar um comentário