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sexta-feira, 14 de março de 2014

Pinus Sylvestris. Da minha terra.

Olá meus queridos,

Aqui a Laurinda não faz vestido por medida, nem o rapaz estuda nos computadores. Mas guardamos sempre vocês na nossa saudade, um cantinho que às vezes poderão achar pequeno, mas acreditem que é tão grande que pode ser capaz de nos matar.
Mas sabemos que estão sempre connosco e nós sempre convosco. Vocês são um e nós que estamos agora debaixo de capas pretas, somos vocês! Estamos a hora e meia de distância, à quem diga que estamos à distância que nos separa do telefone, outros dirão à distância do click. Pois sabem que mais... não temos distância nenhuma entre nós! Estamos sempre juntos!

É claro, que iremos á terra do Vento Norte, um cabo feito península, para vos ver no vosso terraço. Iremos visitá-los sempre.
É claro que ose lembram dos tempos do Pôr do Sol foram maravilhosos, e deixam-nos a todos saudades! lembro-me dos enormes quintais, das pistas de biciletas BMX que não estavam lá, do cheiro a pinhal e seu silêncio feito pelo vento a passar por entre as suas folhas duras como agulhas e mar a bater forte na areia. Lembro-me dos passeios com o cão e até mesmo das mercearias ou das papelarias que vendiam cromos. E o jogo das escondidas, os cartuchos e as traquinices de criança que perturbavam os sonos de turno e os velhos rezingões que existem em todos os bairros. Ainda há bairros? E as festas de anos, aquelas que a mãe preparava com todo o carinho? Pareciam que tinham fogo de artíficio, com doces da Terra do Nunca e crianças felizes que suavam brincadeira? Lembram-se do cheiro a carvão, para o peixe fresquinho? Que bom! E a câmara de filmar as pombas que vinham de outros quintais... claro que tinham de vir para a nossa casa de ternura e amor! Penso que acreditava que a minha mãe era mesmo a Branca de Neve e o meu pai o princípe, porque todos queriam estar connosco!
E as escolas a dois passos rodeadas de jardins de pinheiros, que guardavam mistérios e aventuras de criança no Verão. Eu não me esqueço que ansiava pelos dias grandes de férias, porque podíamos jogar à noite na Rua, picados pelos mosquitos e abrigados pelas estrelas lá no cimo que sempre salpicaram de forma diferente o Alentejo. Não sei se preferia o Verão por causa da praia, por causa do pôr-do-sol com o seu silêncio tipíco de Santo André feito por vento e ondas do norte, por causa da noite ou porque podíamos fazer as nossas férias históricas...

O inverno era mais chato... mas podíamos ir para a escola a escolher as poças que entravam no nosso jogo abrigados pelo vosso enorme guarda-chuva. A chuva parecia também fazer os intervalos mais pequenos, no bairro azul, na P2 ou na escola cor-de-rosa, o dia era sempre mais curto. Lembram-se que nunca fomos os últimos a serem recolhidos na escola? Vocês foram sempre os primeiros! Talvez nunca tenha havido realmente um Inverno...

No entanto a nossa casinha do Pôr-do-sol, aquecia com o fogão e as panelas que concorriam com os saquinhos de água quente, apesar dos longos corredores e da construção pré-fabricada! Não sei quem ganhava... mas sempre dormi quentinho, debaixo daquela espectacular pista de comboios pendurada por roldanas no tecto!

Depois veio o campo... foi bastante diferente claro... mas foi muito bom. Lembro-me de descer no carro, chegados da escola e vocês do trabalho, aquela estrada de terra-batida que embatia com um vale lindissimo pintado todo de trigo. Continuando o caminho íamos dar à Maria da Moita, uma quinta perdida no matagal, composta principalmente por uma vacaria e por uma casa para os vaqueiros.

Poderá ter sido difícil a adaptação, mas a minha mãe no final da tarde preparava o jardim com os gladíolos laranjas e as roseiras que embelezavam os grelhados do fim-de-semana! Os cães tinham uma independência grande e uma lealdade total. os quartos individuais, a sala com lareira, a cozinha com dispensa, as escadas com degraus mal amanhados e o sótão com vários cantinhos fizeram a nossa adolescência, que felizmente naquela aldeia ficou mais perto de vós.
Depois veio o cabo... a pequena casa em que se construiu um maravilhoso terraço, do Larguinho e da mercearia com as ultimas pequenas novidades da vila mais movimentada, banhada pelo mar a sul e a norte. Depois um apartamento com tudo, com varandas e connosco sempre! Foi lá que fiz estudo mais específicos e onde ainda tenho a minha biblioteca, a mana terminou o 12º segundo. Mais gente, mais histórias e mais projectos dos miúdos da família.
Agora meus queridos... deixem-me agradecer tudo isto... não sei como! Mas o facto de não me faltar nada, me darem possibilidade de continuar a estudar mais um pouco e saber que posso contar sempre convosco faz-me muito feliz!! Muito obrigado! É com orgulho que sei que são os melhores pais do mundo.




É por esta saudade que somos a melhor família do mundo, obrigado por tudo.

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