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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Princesa de cabanas



Camisola roxa
Óculos escuros na face
Retorcida na cadeira
Cabelos puxados atrás
Como os campos lavrados do Alentejo

À beira ria
Fala-me da sua luz
Eu oiço e pinto-a
Orgulho-me de cada traço
Das suas leituras
Dos seus seios
Dos seus conhecimentos
Da sua face saxónica
Da sua academia
Das suas pernas
Da sua lucidez
Da sua realidade
Da sua justiça
Do sacrifício a que se prontificará
Num forte de pedras
Enormemente pequenas
Conhece-me
Repete-me
É capaz de me despir
De me olhar
De me aquecer
De me respeitar
De me mergulhar no bom
De me trazer à tona o mal
Que se dissolve como o ar
Ficando nos pulmões da
Minha alma
De camisola roxa
De óculos escuros
De calças largas
De espelhos nos pés
A mostrar o chão em
Frente!!
Ingenuamente roendo as unhas,
De mãos belas,
Rodada à esquerda
Para o coração
E pés à direita
Com cheiro a terra dura
Faz o meu espírito inteiro.
Nada acontece por acaso e dou por mim no centro do caderno mais bonito da minha vida.

Cabanas de Tavira 16-5-2009

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