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sábado, 22 de fevereiro de 2014

As escolas

Alnus sp. - Luis Vila em exposição no Congresso Nacional Bonsia, no Porto, Outubro, 2013
 O meu bom Professor, tem a eternidade de uma árvore
.

Ensino, Educação e Pedagogia

Fernando Gil no seu texto “Para uma teoria do ensino”, faz a distinção entre ensino e educação. E para iniciar uma leitura sobre qualquer trabalho, sobre ensino e educação, pensamos ser importante ter bem claro o que estes dois conceitos querem dizer.
Assim sendo, e com o contributo de Gil, poderemos dizer que o ensino é,
“a transmissão formal dos conhecimentos, a «instrução», e não no sentido de «educação», que é algo completamente diverso. Com efeito o ensino pode nem sequer intervir na educação, ou nela muito pouco;”
Poderemos dizer que a educação é um meio de socialização, guiada por uma sociedade que tende a “perpetuar-se”. Está directamente ligada à reprodução e distribuição sociais dos indivíduos e não à transmissão de conhecimentos. Este conceito de Educação é feito  por Platão, e no século XIX por Guizot. (Gil)
Por outro lado, estes conceitos relacionam-se, já que qualquer processo de transmissão de conhecimentos depende das formas de socialização (educação). Assim sendo as formas de educação puderam influenciar positiva ou negativamente os processos de ensino. Para além disso as formas sociais podem até moldar a pedagogia, os currículos, os métodos e instituições de ensino. (Gil)
Pedagogia é outro conceito importante, que merece também a nossa atenção, porque “não coincide inteiramente com os usos correntes da palavra.” (Gil)
Como a própria etimologia da palavra informa, Pedagogia é a direcção e/ou condução da criança. A criança é o objecto da Pedagogia, que deve corresponder às necessidades cognitivas, sociais e afectivas da criança, para que se possa verificar um bom processo de educação e de transmissão de conhecimentos. O estilo pedagógico e os métodos utilizados dependem dos currículos.
A boa pedagogia será “a acção do professor e os métodos didácticos devem, por princípio, ajustar-se às demandas cognitivas, às configurações psicológicas específicas impostas ao aprendiz pela natureza dos corpos de conhecimentos.”[1]



1. A educação primitiva

Há cerca de 5 milhões de anos quando o Homem nasceu, Africano, com características que lhe permitiam uma adaptação a quase todos os cenários naturais, mantinha uma postura bípede, tinha um volume encefálico de cerca de 1400 cm3, encéfalo esse que era estimulado pelo polegar capaz de tocar todos os outros quatro dedos da mão conferindo uma excelente utilização de objectos. A postura bípede, e o avolumar do cérebro, a oponibilidade do polegar permitiu ao Homem que desenvolve-se a linguagem.
«A nossa proposta sobre a origem da linguagem é que ela esteve associada à motricidade, especialmente à libertação e utilização da mão e da face, donde decorre a emergência sequencial de gestos e mímicas intencionais.»[2]
Ora a aprendizagem nestas circunstâncias biológicas teve também uma evolução.
Antes e durante este processo de evolução, o Homem deverá ter mantido um comportamento de aprendizagem muito idêntico aos grandes primatas que conhecemos, são as espécies animais mais parecidas com o Homem Sapiens Sapiens, e podem levar-nos a crer que os métodos de aprendizagem são muito parecidos entre estas duas espécies.

«No entanto, sempre se observa também que os grandes macacos dirigem sempre os seus esforços para a consecução de objectos visíveis e imediatos. Por outro lado, o uso e a confecção de instrumentos, por parte dos macacos, baseiam-se mais na improvisação e na imitação do que em modelos transmitidos através de tradições culturais.
A cultura, no sentido de modos de comportamento mais aprendidos do que herdados por instinto congénito, não é, de forma alguma, monopólio do Homem.
(…) No entanto, não pode haver dúvidas de que a cultura, ainda no decurso da pré-história, atingiu com o Homem um grau de perfeição que os primatas não Humanos nunca possuíram»[3]
 
Esta aprendizagem animal, arcaica, instintiva desenvolve uma interacção permanente com o meio exterior e interior do humano. Utiliza o corpo sobre objectos e objectos sobre o corpo, de forma directa ou indirecta, mediante motivações ou necessidades do sujeito activo. O toque, o ruído, a luz, a cor, o sabor, a dor, as emoções e sentimentos constituem por si só uma aprendizagem, a interacção que o corpo mantém com o meio exterior e com as emoções que desenvolve por si só, constituem aprendizagem, que caminha no sentido da realidade.
O tipo de aprendizagem que tivemos no passado pode de alguma forma confinar-se aos primeiros anos da vida de cada um de nós, aprendizagens que servem de base a um bom desenvolvimento mental, físico e social, desenvolvimento este que implica-se na vida do Humano adulto.
“Tal como o adulto, a criança (o primata, o Homo erectus ou o Homo Sapiens Sapiens) não executa acto algum, exterior ou até completamente interior, senão movida por um móbil, e esse móbil traduz-se sempre sob a forma de uma necessidade.(…) Ora, ao assimilar assim os objectos, a acção e o pensamento são obrigados a acomodar-se a eles, isto é, a reajustar-se a cada variação exterior. Pode-se chamar «adaptação»  ao equilíbrio destas assimilações e acomodações: esta é a forma geral do equilíbrio psíquico, e o desenvolvimento mental surge, assim, na sua organização progressiva, como uma adaptação cada vez mais precisa à realidade.”[4]

Parece-me claro que os Grandes Primatas, como os primeiros Homens tiveram e têm uma aprendizagem promovida por necessidades essenciais à sobrevivência, e isso não deixa de ser comum a estes dois seres. Aprender a caçar, a beber, a fazer o ninho, etc… são acções nalgumas espécies inatas noutras aprendidas.
Não nos podemos esquecer que grande parte dos mamíferos predadores aprendem como caçar, as plantas que devem comer com os progenitores.
Por promoverem a sobrevivência não deixam de ser a primeira forma de aprendizagem.
O ponto que distingue a aprendizagem dos grandes primatas e mamíferos, da aprendizagem Humana, é sem dúvida a linguagem.
O poder de comunicar, faz com que o Humano memorize as acções ou experiências sob a forma de verbo, e por isso recorda e é capaz de calcular a causa-efeito.
A linguagem permite estabelecer estruturas sociais e culturais extremamente complexas.

« Além de todas as acções reais ou matérias, que continua capaz de efectuar como no decorrer do período anterior, a criança, graças à linguagem, fica apta a reconstituir as suas acções passadas, sob a forma de narrativa, e de antecipar as acções futuras pela representação verbal.(…)
O resultado mais nítido do aparecimento da linguagem é o de permitir uma troca e uma comunicação contínua entre os indivíduos. Estas relações individuais estão sem dúvida em germe a partir da segunda metda do primeiro ano, graças à imitação, cujos progressos estão em ligação estreita com o desenvolvimento sensório-motor. Sabe-se, com efeito, que o bebé aprende pouco a pouco a imitar, sem que exista uma técnica hereditária da imitação: primeiro. É a simples excitação, pelos gestos análogos de outrem, dos movimentos visíveis do corpo, que a criança espontaneamente  sabe executar; »[5]

Depois de abordar esta fronteira entre a aprendizagem animal e aprendizagem Humana, pode-se dizer que o Homem primitivo tal como o Homem actual, tem nos primeiros anos de vida um desenvolvimento das estruturas físicas e intelectuais, influenciadas em grande parte pelo plano genético do individuo e o meio que o cerca.
A fonte que abastece este processo complexo, é a experiência, o estímulo. A assimilação e a acomodação dessa nova experiência, não conhecida, constitui a aprendizagem.
Aos dois anos de vida o Humano distingue-se do mundo animal, devido à linguagem e à percepção do real através de um código verbal que pode ser passado de indivíduo para indivíduo.
Estes códigos que alimentam a aprendizagem e o desenvolvimento do Homem, iniciaram-se com desenhos e vocalizações. Estas vocalizações associaram-se a factos e sentimentos e desenvolveram a noção de espaço e tempo, a partir daqui foi marcado uma vivência social e cultural extremamente complexa.
Quero por último sublinhar, porque penso que é importante, sublinhar que a e educação primitiva consistiu principalmente na imitação e acção sobre os objectos. A criança primitiva teve uma aprendizagem extremamente interactiva.
« () a criança logo que podia, participava das ocupações dos seus pais, dos adultos do seu clã ou tribo. (…) Educação totalmente espontânea, quase inconsciente, limitada à prática da vida e que, explorando as tendências naturais do ser, já se fazia através dos jogos da criança em que tantas vezes se vê esta imitar os adultos.»[6]
Relembrar que a nossa estrutura anatómica proporcionou novas qualidades inter accionais com o meio, e é isto o que nos une aos nossos antepassados, passar sempre um período de desenvolvimento em que a motricidade humana é mais importante que tudo o resto.

2. As escolas das idades pré-clássicas

            2.1 Educação na Mesopotâmia

Já se apresentou o berço do Homem, África, e a primeira civilização que ele criou foi na zona da mesopotâmia, a Suméria.
É à civilização Suméria que se atribui a invenção da primeira forma de escrita, a escrita cuneiforme. A escrita cuneiforme é feita em tábuas de barro, e lá já estavam gravados conhecimentos que abrangiam áreas ou ciências que hoje nos são fundamentais.
Os escribas simples destinavam-se apenas à aprendizagem da escrita e conheciam alguns conceitos básicos de aritmética. Mas os sumérios talentosos já gravavam nas tábuas de barro, conhecimentos de álgebra e geometria, estudavam medicina, tinham conhecimentos rudimentares de anatomia e até mesmo cirurgia. Utilizavam plantas como a murta e o tomilho para fins medicinais.[7]
O quotidiano de um jovem sumério estende-se até aos dias de hoje numa placa de barro.
«Quando cheguei à escola, de manhã, recitei a minha tábua, almocei, preparei a minha nova tábua, escrevi-a, terminei-a e depois marcaram-me o meu trabalho oral… Quando a aula terminou, regressei a casa, entrei e encontrei o meu pai sentado. Falei-lhe do meu trabalho escrito, recitei-lhe a minha tábua e ele ficou encantado…»[8]

3. As escolas da idade Clássica

            3.1. – A escola Grega

“Devemos à Grécia antiga, e especialmente a Atenas, não só a fonte da nossa inspiração literária, artística, filosófica e a ciência que aí nasceu na sua forma teórica, mas também a forma de educação superior que deixará as suas marcas até na cultura dita secundária ou clássica.”[9]

A cultura Grega tem a sua essência na educação e formação do homem entre o séc. X a.C. até ao séc. IV a.C.
Mas apenas nos últimos séculos (século VI a IV a.C.) e em Atenas, que o Olimpo presenciou o apogeu da cultura desta civilização.
É importante recordar que a Grécia é um país constituído por um número elevado de ilhas, e o território no continente Europeu é agreste e acidentado. A agricultura era sinónimo de dinheiro e poder, geralmente quem tinha Terras detinha o poder político, e decidia a vida social e política.
A Grécia foi invadida por vários tipos de povos nómadas, que depois se organizaram em grupos (guénos), depois em tribos e depois sedentarizaram-se, criando as cidades-estado.
Destes povos destacam-se os Dórios militaristas e pragmáticos, fundadores de Esparta, e os Jónios criativos, imaginativos, literários e preocupados com questões científicas, fundadores de Atenas.
Assim a democracia em Atenas é manchada pelo esclavagismo e discriminação das mulheres face à vida política e social.  Já em Esparta o regime militarista forma os seus filhos para defender e conquistar a sua cultura, utilizando o esclavagismo como mão-de-obra e discriminando também as mulheres da vida social e política.

Entenda-se o cidadão Espartano ou Ateniense, como o Homem que pertence a um destes povos Jónios ou Dórios, ou é considerado nobre, um Homem rico também é considerado cidadão.
O cidadão detém poder e direitos iguais ao de qualquer outro cidadão, e superiores àqueles que não o são. Ou seja todos aqueles que não façam parte da tribo que controla a sua cidade-estado (nobres), todas as mulheres, todos os escravos, aqueles que não são ricos nem nobres, não são considerados cidadãos e por isso não têm direitos nem poderes políticos ou sociais.
Tanto em Esparta como em Atenas, a minoria é que tinha acesso à vida da cidade-estado podendo decidir e determinar a politica da cidade.
“Resumindo: a partir de uma monarquia inicial, a cidade-estado evolui para a oligarquia-aristocracia, no caso de o poder ser conseguido pelos nobres, e plutocracia, no caso de ser conseguido pelos ricos.”[10]

                        3.1.1. – A escola Ateniense
“ É a Atenas que devemos a origem de uma grande parte do nosso pensamento ocidental e também a educação dita liberal que foi o ideal na nossa cultura clássica.”[11]

O pai ateniense podia decidir em cinco dias se ficava com a criança, ao contrário da outra grande cidade grega, era o pai que decidia sobre a vida da criança independentemente das suas características físicas.
O jovem cidadão Ateniense, mesmo o mais pobre, até aos seis, sete anos tinha uma educação familiar, depois dessa idade a Lei Ateniense obriga o chefe de família a oferecer à criança uma instrução.
Assim a criança passa a ser acompanhada todos os dias por um pedagogo, um escravo que se encarregava de ensinar literatura, escrita, mitologia e os elementos básicos de cálculo.
Mais tarde a geometria e o desenho são acrescentados.
Um outro mestre, o citarista, dota o jovem de conhecimentos musicais, permitindo a utilização da flauta e cira.
A partir dos 12, 14 anos o jovem vai para a palestra onde se exercita, em vista está a harmonização do corpo e da alma e melhoria da estética do corpo. O conceito de beleza era difícil de atingir pois está relacionado com as várias elegantes divindades.
Antes de fazer parte da vida política da cidade o jovem tem de passar pela efebia, dois anos de instrução militar, que os jovens receiam quando atingiam os dezoito, vinte anos.
Os trabalhos manuais era deixados para os escravos e as mulheres eram afastadas deste processo, tendo uma formação essencialmente prática sobre a gestão e tarefas domésticas, economia. Só as raparigas pertencentes a classes mais altas é que poderiam eventualmente aprender a ler e a escrever.
 Este plano educativo, que gerou homens íntegros e bem formados, também formou Homens dotados com o poder verbal e da retórica, que defendiam e argumentavam ideais que iam de encontro aos seus próprios interesses. Desenvolveram um sentimento céptico acerca da ciência refutando a busca pela razão, classificando-a de insignificante. Criaram as suas raízes naqueles que não tinham tido a formação ideal, aqueles que se ocupavam dos trabalhos manuais e a partir daí desenvolveram o seu sofisma.
Os sofistas conseguiram minar este sistema educativo e chegar ao poder, a partir daí as suas reformas geraram o declínio da cultura Grega. A partir deste momento as escolas dos sofistas e dos retóricos pregavam e ensinavam a eloquência e a filosofia. As aulas tinham um preço que inflacionava proporcionalmente à celebridade do Mestre. Assim as classes mais ricas passaram a ser as mais favorecidas, pois só estas conseguiam suportar o preço destas escolas.
Mais tarde na época helenítica a imaginação e a criação são cortadas pelas ligações ao passado. Contudo no plano cientifica verifica-se uma preocupação na universalidade da ciência. Criaram-se museus e bibliotecas, jardins botânicos, centros de investigação e coleccionaram-se animais. Os mestres eram pagos para dedicar a sua vida à investigação e assim houve uma evolução em vários tipos de ciências, surgindo nomes importantíssimos como Arquimedes e Euclides.

                        3.1.2 A Academia e o Liceu
Platão (Anexo I) estabelecia o conhecimento como um fim em si mesmo, só possível através de um bom plano de estudos. Sendo que a boa sociedade fundamenta-se no conhecimentos. Por isto, além de uma boa pedagogia e um bom currículo, Platão, necessitava de uma sociedade que tivesse a capacidade de utilizar o que lhe é transmitido.
A Academia (Casa de Academus) de Platão caracterizava-se por um ensino caótico. Poderá designar-se de ensino Platónico, que tinha como grande característica o desenvolvimento moral e pessoal. O objectivo geral da Academia era ensinar o bem (Epistéme), surgindo desta forma o primeiro paradigma de Platão, pois, “o bem não é possível ser entendido sem o conceito de justiça”, sendo “preferível sofrer uma injustiça que cometê-la”. Assim sendo Platão tentava ensinar jovens capazes de desenvolver uma actividade política baseados no bem e na justiça. Política esta que necessitava de um ambiente social e político propício, a República, como afirma Gil.
“Platão, pelo contrário, estabelece o conhecimento como um fim a atingir. A iniciação é-o relativamente à sociedade, e a boa sociedade é aquela que se institui com base numa especificação hierarquizada dos conhecimentos. E, deste ponto de vista, é perfeitamente apropriado que o plano de estudos platónico requeira, além de uma pedagogia e dum currículo, uma sociedade artefactual, o modelo político da República e das leis. Pode encontrar-se na utopia platónica a metáfora absoluta do ensino, quando este se confunde com o conhecimento verdadeiro e passa a impor a sua lei à educação… o único lugar possível para um ensino da verdade é a cidade ideal.”

Contudo foi Aristóteles que influenciou a educação tradicional e moderna, principalmente na organização dos currículos e na compartimentação do ensino.
Aristóteles, discípulo de Platão, funda o Liceu. Aristóteles ensina deambulando (daqui o nome de escola peripatética). Aristóteles criou disciplinas e compartimentou as formas de conhecimento. Foi importante pois contribuiu para o desenvolvimento epistemológico e metodológico. Para além disso desenvolveu a lógica e a linguagem, a física e a metafísica, e a biologia (onde algumas das suas descobertas só foram confirmadas no século XIX).
Platão admitia até duas espécies de ensino para ultrapassar, o problema dos pré-conhecimentos resultantes da história do individuo. Um consistiria na transmissão de conhecimentos práticos, nos moldes habituais, de conteúdos determinados de conhecimento (por exemplo, os ofícios); o outro destina-se a indivíduos que «imaginam saber, quando não sabem», e visa actuar sobre os preconceitos, contra as falsas crenças, com o objectivo principal de vencer a incompreensão mas do que a ignorância.
O método tradicional da instrução, por «admoestação», revela-se aí inoperante, ele esbarra contra essa outra coisa que o aluno crê saber.”[12]

Aristóteles enunciou a importância do habitus (pré-conhecimentos), adquiridos através da experiência, no processo de ensino.
Mas é impossível apagar o passado – o qual, por outro lado, é determinante da aprendizagem. É aqui que intervém a problemática aristotélica dos pré-conhecimentos e a do habitus.”[13]

Este habitus, que segundo Aristóteles e Platão deveria ser respeitado pelo currículo, mas isso não foi interpretado pelos seiscentistas.
Para Aristóteles este habitus, resume a capacidade de o individuo ser capaz de aprender determinada coisa, o não. Para além disto, tem de haver um habitus já formado, para que se possa iniciar as aprendizagens. Tem de haver uma capacidade natural para a aprendizagem, caso contrário, um individuo poderá estudar e treinar muito determinada profissão coisa, mas isso não quererá dizer que esse aluno será um bom ou mau aluno.
Estes imbuídos no espírito axiomático e metódico, entenderam que o ensino deveria ser dividido por disciplinas, e acreditavam que qualquer saber e qualquer currículo era independente do habitus. E que, a prática e o treino seriam sinónimo de uma boa aprendizagem. Esta pedagogia estendeu-se até ao século VXII.

                        3.1.4. – A escola Espartana
Os Espartanos reinavam graças à sua filosofia de força militar, e assim conseguiram fundar a sua cidade-estado e dominar os seus inimigos. Por isto a formação dos seus cidadãos era obrigatoriamente militar.
O poder do estado sobre os cidadãos era tal que as crianças nasciam como pertença da cidade, e não eram aceites crianças com deficiência física, visto que no futuro os anciãos não os considerava capazes de defender nem coordenar a cidade, por isto, as crianças eram eliminadas.
Dos sete aos vinte anos, os jovens nos campos de juventude eram orientados por professores nomeados pelo estado. A caça, a ginástica e os exercícios militares eram as principais matérias abordadas. O sacrifício pessoal pela pátria, a disciplina, o sofrimento eram valores incutidos nos jovens.
A formação intelectual era discriminada, tendo apenas formação musical se esta tiver um fundo religioso ou militar, visto reforçarem o sentimento patriota.
As raparigas tinham uma educação semelhante à dos rapazes, já que também serviam o estado. Deviam ser mulheres robustas capazes de gerar os filhos que no futuro serviriam a sua pátria.

            3.2. – A escola Romana
A escola Romana pode dividir-se em duas fases, antes e depois da conquista da Grécia.
Antes da conquista da Grécia a educação em Roma era essencialmente prática e moral, combinando-se com a natureza do povo Romano, utilitário, patriótico e guerreiro. O individuo romano estava depois do seu estado, era subordinado e por isso a sua pátria estaria sempre em primeiro lugar, bem como o respeito pela lei.
O Romano aprenderia a Ler, escrever, a calcular e mais tarde conhecia as técnicas agrícolas ou comerciais, iniciava também nesta altura a preparação militar.
Durante esta educação são incutidos valores morais como por exemplo, o respeito pelos antepassados, submissão à família e devoção absoluta para com a pátria.
Logo após o nascimento da criança, o pai avaliava as características físicas da criança, a criança tinha de esperar nove dias para ser aceite e receber um nome. As crianças débeis ou portadoras de deficiência eram mortas (Roger Gal 1993).
A partir dos sete anos é que o jovem tinha uma educação propriamente dita, eram aprendizes de professores particulares ou recorriam a um escravo preceptor.

A criança ia à escola cedo, levando numa espécie de caixa dividida em compartimentos o seu material e o seu saco de dados para calcular. Lá ao ar livre, em telheiros ou em salas permanentemente abertas aos pais que podiam assistir a qualquer lição. Escrevia sentado no chão em tabuinhas cobertas de cera, com um estilete de ferro alisando a cera com o polegar logo que tivesse acabado. Quando o papiro e o pergaminho apareceram escrevia-se com uma cana talhada e molhada em tinta. Havia livros feitos com folhas coladas lateralmente e enroladas à volta duma varinha. Para ler mantinha-se a varinha na mão direita e com a outra mão desenrolava-se a folha única. Primeiro recorria-se a letras gravadas em que a criança se exercitava a passar os dedos depois o estilete; finalmente copiava-as. A disciplina utilizava sem escrúpulos castigos corporais; um fresco mostra-nos os alunos a assistir à fustigação de um camarada nu. O respeito imposto pela força e a imitação são ainda os únicos princípios utilizados. O pudor romano prescrevia os exercícios físicos tal como os praticavam os Gregos que se despiam no Ginásio. A bola o lançamento do disco, a corrida, os saltos no Campo da Marte, sem pretensão estética, eram suficientes para estes futuros soldados. Quanto às raparigas, tiveram de se contentar durante muito tempo unicamente com a formação familiar. «Ficou em casa e teceu a lã.» diz um epitáfio que louva a mulher perfeita. A aprendizagem familiar bastava para iniciar a jovem em todos os trabalhos femininos.
Aos dezassete anos o jovem romano tornava-se juvenis e numa nova cerimónia depunha o selo e a toga bordada a púrpura. Acompanhado pelos seus, depois de um sacrifício aos deuses, ia inscrever-se na sua tribo e apresentar-se ao fórum.”[14]

O Romano não tinha dotes literários e Humanos, tinha sim conhecimentos militares e morais. Esta educação fazia com que se utilizasse uma elonquência própria para o fórum.

Depois da conquista da Grécia, as influências a nível do sistema da educação foram notórias, houve uma ruptura não pacífica do sistema de ensino. A família deixou de controlar tanto a aprendizagem da criança.
Nas grandes famílias utilizavam-se mestres gregos, na condição de reféns ou escravos.
A obrigação de aprender literatura, forçou os Romanos a aprenderem o grego, a primeira vez que se aprendeu uma língua estrangeira. E dos doze aos dezasseis anos, a aprendizagem do grego e da literatura era fundamental. Pelos dezasseis dezassete anos os indivíduos aprendiam a retórica, determinante na vida política e matéria do agrado dos romanos pois permitia-lhes uma melhor argumentação no fórum.
Os jovens aprendiam e decoravam textos sobre assuntos lendários, comentários, sentenças, declamações, controvérsias e assuntos de ficção até.
A preocupação sobre a importância da educação leva os Romanos a tornarem os apoios do estado à escola mais elevados, devendo cada cidade subsidiar a sua escola e os respectivos professores.
A república romana obriga a presença da escola em todos os países ocupados, ensinando principalmente o latim, que funciona como veículo da mensagem de é e como língua litúrgica.


As expectativas que os ideais de universalidade e igualdade entre os Homens faziam acreditar que houvesse uma ruptura na cultura ocidental e necessariamente nos métodos de ensino. 
O conteúdo do cristianismo colocava o Homem em primeiro lugar, e libertava-o um pouco do serviço e sacrifício pela pátria ou cidade e religião.
Infelizmente a religião e os valores morais sobrepuseram-se aos conhecimentos científicos e técnicos, ignoraram-se as matérias e o corpo, fazendo convergir a mente humana para uma única realidade, o seu Deus.
Assim se entrou numa época de obscuridade, que em tempos conturbados pelas invasões e pelos novos desenhos fronteiriços, só não se extinguiu a luz por completo, porque os mosteiros foram os guardiães do saber e asseguraram a ligação entre o passado clássico e a época medieval.
A conservação e a tradução de obras e conhecimentos greco-romanos, fizeram o tempo medieval respirar e manter algumas influências clássicas. «As escolas de gramática e retórica continuaram a ser os centros de formação superior, mas serviram para formar os fiéis da nova fé e os dirigentes ou ministros da igreja».[15]
Durante as invasões, obcecados pelo triunfo da sua fé, os cristãos rejeitam o mundo clássico, quase destruindo as suas marcas, só os mosteiros conservaram e copiaram manuscritos e continuaram a leccionar o latim, adiando a morte desta língua.

Na idade média a formação profissional era familiar, não havendo nenhuma escola, Instituição ou currículo que organiza-se e ensinasse qualquer actividade. Os pais ensinavam aos filhos pela prática e assim se manteve o ensino das actividades práticas.
Com o aparecimento das grandes cidades, os artífices agrupam-se formando corporações. Estas corporações que têm como objectivo organizar o trabalho, e defender os direitos e interesses dos seus trabalhadores, revelam um progresso na hierarquização e organização do trabalho. Assim surgem os mestres, os operários e os aprendizes e as oficinas passam a não ser ocupadas por uma família mas por um grupo de trabalhadores.
A par dos operários havia uma categorização da mão-de-obra empregue segundo as necessidades, os estrangeiros, forasteiros que vinham de outra cidade só eram admitidos se pagassem uma renda ou fizessem uma nova aprendizagem.
Nesta escola prática não havia preocupação com a formação intelectual, só mais tarde é que se verificou que as actividades comerciais necessitavam de contactar com outros povos, nomeadamente povos indígenas e assim as classes burguesas e comerciantes adoptaram o ensino dessas línguas, para melhorar as suas capacidades de negociação.

Nos séculos X e XI o desenvolvimento das escolas era ainda irrisório. Quando os claustros das igrejas passaram a não ser suficientes para albergar todos os estudantes houve necessidade de alargar os espaços de ensino e isto terá sido um primeiro estímulo ao desenvolvimento das escolas. As várias ordens religiosas deram um grande incentivo à proliferação da educação.
As escolas introduziam os jovens, primeiro à aprendizagem da língua chave, o latim e iniciavam-se os estudos de gramática. Mas se se queria os alunos bem preparados, deviam ser estudadas as sete artes liberais, a gramática, a retórica, a lógica, a aritmética, a música, a geometria e a astronomia.
O conhecimento destas matérias é que permitia depois a entrada nas igrejas e o acesso à medicina ou ao direito. Só em determinadas escolas é que estes estudos eram ministrados, foram a origem das universidades, e que se desenvolveram por toda a Europa no século XIII.
As Universidades ministravam uma ou duas destas quatro faculdades: Artes; Direito canónico; Medicina e Teologia. As Universidades foram-se especializando numa destas quatro áreas, raramente se encontrava alguma que leccionasse as quatro ao mesmo tempo.
Foram estas instituições que formaram o verdadeiro espírito europeu, que mesmo assim tinha uma influência determinante do catolicismo. É de referir que só se entrava para as universidades com estudo em Teologia.
As Universidades ocupavam instalações pouco dispendiosas, e os mestres eram suportados pelos alunos e pelas comunas. É esta a explicação para a grande mobilidade dos mestres, que se deslocavam de universidade em universidade por razões várias:
·         Por aspirarem a melhores remunerações monetárias;
·         Para evitar a presença em locais de guerra;
·         Por problemas com as identidades locais.
Os alunos tinham grandes vantagens sociais, como por exemplo terem direito a isenção de impostos.
Os docentes e discentes organizavam-se cada vez melhor para defender os seus direitos, quer em sociedades, quer em associações, mas que muitas vezes desvirtualizavam os seus intentos e desviavam os seus protestos em questões desviadas do seu objectivo inicial.
Mais tarde para poder receber pobres ou estrangeiros nas universidades, foram organizadas casas especiais que os alojavam e alimentavam a preços aceitáveis. Mais tarde estas casas acolheriam até os mestres, que viviam com os seus discentes sob as ordens de um principal.
Esta foi a origem dos colégios, cada país criou uma casa para os seus estudantes, surgindo os colégios dinamarqueses, suecos e em seguida as dioceses. Mais tarde as grandes ordens, também, formaram as suas casas colegiais. Logo que o ensino passou a ser ministrado nos colégios, facilmente se tornaram anexos à Universidade mais próxima.
Nesta altura criaram-se os graus de bacharel, licenciado e doutor, cuja terminologia e princípio se conservam até hoje. Como se pode verificar na Lei de Bases do Ensino na Subsecção III, artigo 13º.
Neste sistema de educação havia uma desvantagem, semelhante à de Roma clássica que se ancorava aos conhecimentos e cultura grega recusando levantar o pensamento e a ciência para outras direcções, as universidades da idade média estavam algemadas à Teologia e todas as outras faculdades lhe deviam explicações. Isto fez com que algumas ciências se demorassem a soltar destas amarras, resultando num atraso ou numa manutenção dos conhecimentos científicos.
Para a Teologia a autoridade era Deus no céu e Aristóteles em Terra. Recentemente descoberto Aristóteles era uma pauta que a ciência medieval deveria seguir e não contradizer.
No final do século XVI, a obra de Juan Huarte (1575), “Examen de ingenius para las sciencias” é um marco importante na Teoria do ensino, na sua vertente psicológica. Huarte faz uma aproximação à psicologia do desenvolvimento e recupera a antiga teoria dos temperamentos, relacionando-os de forma directa ao ensino e às formas de saber.
em Huarte, a diversidade empírica dos espíritos prolonga-se por uma teoria dos «talentos naturais»; a morfologia do carácter (…) e que foi amplamente praticada desde o Renascimento… até Kretschmer, no século XX – é acompanhada pela afirmação de dons cognitivos estritamente individuais, teóricos ou práticos[16].    
Haveria características psicológicas individuais apropriadas a cada disciplina ou ciência. Seria então necessário conhecer cada espírito, a que disciplina se adequava esse espírito e se se adaptava mais à parte prática ou à parte teórica. Huarte pretendia desta forma avaliar a personalidade de cada criança, e destinar-lhe uma actividade condizente com as suas características psicológicas.
Huarte defendia que só se poderia conseguir tal adaptação se o ensino respeitasse o desenvolvimento cronológico das faculdades: primeira infância (faculdades vegetativas e sensitivas), a memória e a adolescência (raciocínio) até à velhice e à consequente perda de faculdades.
Esta abordagem psicológica, veio mais tarde a influenciar os métodos e os currículos.   Contudo demorou tempo a efecivar-se.

As pessoas com deficiência nesta época eram protegidas nos mosteiros e igrejas, mas não tinham qualquer papel social.

Paralelamente os árabes estavam imbuídas nos conhecimentos que as invasões barbaras não destruíram. Assim os árabes adoptaram os conhecimentos enraizados na Grécia Clássica, tendo como principais referências Galiano, Aristóteles, Platão, Ptolomeu com a matemática e astronomia, Euclides e Arquimedes.
Os muçulmanos ao lado das Mesquitas erguiam edifícios onde se leccionava superiormente, quer por cristãos, árabes ou judeus, tal a liberalidade deste povo, que ameaçou a cristande e transportou até à península Ibérica a cultura greco-árabe.
Foi a partir de Espanha que este conhecimento se divulgou pela Europa, o saber acumulado na Grécia clássica.

Para iniciar este capítulo não encontrei melhor forma de o fazer, senão apresentar um excerto do texto de Roger Gal que na minha opinião regista e resume da melhor forma o sistema educativo na idade média e nos faz antever aquilo que teve obrigatoriamente de mudar.
O autor nesta obra utiliza o termo “perpetuação” para explicar a apatia e a desadequação do ensino. E nós se atendermos a estes dois defeitos que anuncia, verificamos que até nos dias de hoje temos tendência para os cometer podendo parar no tempo. Senão houver uma adaptação constante ao meio que nos envolve acabamos por ser “eliminados”, e são defeitos de tal forma gerais que se empregam numa série de conceitos políticos, educativos, biológicos, científicos e religiosos.

“O sistema educativo da Idade Média tinha tendência para se perpetuar, como todos os sistemas estabelecidos, e esta estabilidade sempre acarreta dois tipos de defeitos. O primeiro é uma espécie de esclerose dos métodos e do espírito antigos: o que teve valor numa determinada época tende a perpetuar-se sob a forma de receitas e mecanismos. O segundo é que, quando os acontecimentos se precipitam e mudam as condições de vida, deixam de responder às necessidades e às possibilidades do momento.”[17]

O renascimento como o próprio nome indica, o acto de renascer, atende única e exclusivamente à revolução do pensamento Humano que passa a pensar sobre ele próprio e passa a acreditar nas suas capacidades intrínsecas discriminadas durante a época medieval, este recomeço ocorreu nos séculos XV e XVI.
Empurrados pelas novas descobertas geográficas, pelas novas descobertas industriais e científicas, os eruditos começaram a rejeitar os modelos sociais e educativos da idade média.
Gal (1993) cita oportunamente Gargântua, que recebeu instrução escolástica rígida e enciclopedista, leu inúmeras obras de trás para a frente e da frente para trás mas «nada aproveitava e, pior que isso, se tornava um doido e tolo, totalmente sonhador e idiota».
Outra citação interessante que o mesmo autor faz é de um pedagogo holandês, que demonstra os erros pedagógicos praticados comparando-os com conceitos greco-romanos de escola. «Queriam confiar-me uma escola; é assunto demasiado difícil e aborrecido. Uma escola assemelha-se a uma prisão; são pancadas, choro e gemidos sem fim. Se há alguma coisa que para mim tenha um nome contraditório é a escola. Os gregos chamavam-lhe “scholê”, ócio, distracção, e os latinos “ludus litterarum”, jogo literário. Mas não há nada que esteja mais afastado da ideia de recreação e de jogo.»
Réne Descartes também foi um crítico da  escolástica e dos seus métodos de ensino.
Fernando Fil verifica que esta displinarização e método pedagógico resulta de uma má interpretação dos escritos dos Gregos clássicos, e que resultaram num total falhanço pedagógico nestes séculos.
“E nos «analíticos posteriores» Aristóteles lança os fundamentos duma axiomatização das ciências, com base na sua independência recíproca. Se levarmos ao extremo e reunirmos as duas doutrinas, resulta daí que qualquer saber – e qualquer currículo – será estritamente disciplinar, e que um «habitus» específico deve ser-lhe adaptado: é o que decidirá, em conclusão, a teoria das disciplinas do século XVII, a qual, pressupondo uma especialização dos entendimentos – uma pedagogia -, estende ao mesmo tempo a todos os saberes os traços distintivos das disciplinas científicas. Ora esta pedagogia foi elaborada muito conscientemente desde o século XVI, e é coisa bem diferente da diferenciação das disposições cognitivas dos Gregos.”[18]
 Imbuídos no espírito crítico, apoiados principalmente pela descoberta da imprensa que aumentou em muito o número de livros, o modelo medieval estava posto em causa, e com ele a cristande. É neste momento que se regista uma adaptação bem conseguida do papado que formou os colégios Jesuítas, com o objectivo de refrear a índole renascentista.
Os colégios Jesuítas tinham uma população estudantil numerosa, mas constituída apenas por jovens pertencentes à classe alta. Amarrados à idade média, os colégios jesuítas davam uma educação muito virada a servir os interesses dos burgueses, a retórica, a teologia, o latim língua universal e internacional, e filosofia.
Os burgueses consideravam-se bem preparados para a sua profissão, e isso resultava numa boa aceitação social dos colégios Jesuítas.



A educação era essencialmente aristocrática, concertando um número diminuto de alunos. È uma educação muito influenciada pela igreja e tendo como objectivo principal o respeito pela religião.
Mas é a meio do século XVII que poderemos detectar uma preocupação sobre os processos de ensino e educação. Gil, adianta que J. Clauberg (1654) foi um Cartesiano que se preocupou com os modos de transmissão dos conhecimentos. A exposição de Clauberg é bastante actual e útil, na construção de um qualquer currículo.
Clauberg, na sua obra “Lógica Vetus et Nova”, apresentou três grandes grupos problema da transmissão dos conhecimentos:
o   Que coisa se transmite e com que finalidade;
o   Quem deve transmitir e quem deve ser o destinatário da transmissão;
o   Por que modo convém transmitir.

Clauberg desenvolve esta tripartição, admitindo que:
o   Transmitem-se pensamentos e palavras, signos de pensamentos e conceitos de coisas;
o   O que é transmitido tem de ser conhecido daquele que transmite e desconhecido pelo destinatário;
o   Enquanto um falará outro ouvirá;
o   A finalidade da transmissão:
                            - Precisa e elênctica – detecção e eliminação do erro e refutação do                                  falso;
                            - Popular e didáctica – ensina e confirma a verdade.
Para além disso estabeleceu que o Docet ensina, o quem bem conhece e deve escolher o ritmo de ensino com prudência. E o dedocet, aprende, deverá ser jovem e ter vontade de aprender e ser detentor de pré-conhecimentos (habitus) em todas as disciplinas.
Este autor sublinha a importância de que o aluno é que deve guiar a transmissão, pois, deve ser em função do aluno e das suas capacidades de compreensão que o mestre comunica os conhecimentos.
Percebe-se aqui a intenção de seguir Comenius que defendia, “a todos tudo ensinar”.
Para além disso Clauberg enuncia quatro categorias para o ensino: quem, o quê, como e onde. Pedagogia, currículos, métodos e instituições.
Os currículos deverão organizar os conhecimentos a serem leccionados adaptando-se igualmente às demandas cognitivas dos alunos. Os métodos dependerão destes dois, tanto da pedagogia, como dos currículos e deverão proporcionar experiências que possibilitem a aprendizagem. O local da transmissão deverá adequar-se aos conhecimentos transmitidos. Assim sendo Gil, considera o Professor apenas um meio, ou um instrumento, ou uma técnica para conseguir ensinar o discente.
Na escola Tradicional, a criança tinha de se sujeitar às exigências do meio social e familiar. Os interesses e necessidades da criança eram deixados à margem, e mesmo com a obra de Huarte o processo de desenvolvimento e maturação da criança não era tido em conta. A personalidade da criança, também não constituía preocupação, sendo que os “currículos” pareciam completamente desadequados aos olhos da própria criança. O método de instrução era verbal e directivo.
Por outro lado, a pedagogia da essência, praticada ao longo do século XVII, defendia que o Homem é “mau e egoísta” na sua essência, pelo que se impõe a sua submissão a dogmas e valores tradicionais transmitidos pela educação familiar e social.
No século XVIII, a educação e o ensino sofreram influências preponderantes, que modificaram os rumos dos acontecimentos. Comenius (Jan Amos Komensky, 1952-1670), e Jean jacques Rosseau, são o autores importantes.
Na Didáctica Magna de Comenius, escrita entre os anos de 1627 e 1632, tendo sido editada pela primeira vez em 1657, podemos encontrar directrizes preponderantes para a teoria do currículo, citando Gil.
“«A natureza começa cada uma das suas operações pelas partes mais internas» – e por isso se começará por formar a inteligência para a compreensão das coisas, a seguir a memória e, por fim, «a língua e as mãos», devendo o professor procurar por todos os meios abrir a inteligência. «A natureza começa todas as suas obras pelas coisas mais gerais e acaba pelas mais particulares» - por isso o ensino «fragmentário» é mal feito e «é preciso fazer entrar no espírito das crianças que se destinam aos estudos, desde o início da sua formação, os fundamentos duma instrução universal, quer dizer, uma tal coordenação das matérias que os estudos que a pouco e pouco se seguem não pareçam trazer algo de absolutamente novo mas sejam apenas um desenvolvimento das coisas anteriores»: requerem –se «sistemas completos» - e daí a necessidade de classes de estudos bem separadas e de horários fixos » de forma a que a cada ano, cada mês e cada hora sejam atribuídas tarefas especiais». Este último principio, curricular no sentido mais estrito, terá a sua contrapartida no plano de estudos, a saber, que se irá sempre «do fácil para o díficil» e «do conhecido para o desconhecido», segundo uma coordenação entre as matérias”.
Rousseau defende que o homem é bom na sua essência e que se deve dar importância à sua liberdade e espontaneidade, corrente que alimentou a pedagogia da existência. Nesta pedagogia, a criança é sujeito de uma educação em permanente transformação.
Ainda sobre a Ditactica Magna de Comenius, importa referir que na primeira parte Coménio trata de mostrar que o homem é a mais alta, a mais absoluta e a mais excelente de todas as criaturas.
A segunda parte é dedicada aos princípios da didáctica em geral, referindo-se sobretudo o autor aos direitos que toda a juventude, os dois séculos incluídos, tem de frequentar a escola.

Devem ser enviados às escolas não apenas os filhos dos ricos ou dos cidadãos municipais, mas todos por igual, nobres e plebeus, ricos e pobres, rapazes e raparigas em todas as cidades, vilas, aldeias e casais isolados .”

Ainda, nesta segunda parte, Coménio defende uma novidade no século XVII: que até os débeis mentais devem ser educados.

Não deve fazer-nos obstáculo o facto de vermos que alguns são rudes e estúpidos por natureza, pois isso ainda mais e torna mais urgente esta universal cultura dos espíritos (...). Não é possível encontrar um espírito tão infeliz, a que a cultura não possa trazer alguma melhoria.”

E, mais adiante:

“Se alguém disser: onde iremos nós parar, se os operários, os agricultores, os moços de fretes e finalmente até as mulheres se entregarem aos estudos? Respondo: acontecerá que, se esta educação universal da juventude for devidamente continuada, a ninguém faltará, daí em diante, matéria de bons pensamentos, de bons desejos, de boas inspirações e também de boas obras.”

Coménio é um ardente apóstolo da democratização do ensino. Critica ainda as escolas por não corresponderem aos fins para que foram criadas e, por isso mesmo, elas devem e podem ser reformadas, sendo o fundamento das reformas escolares a ordem em tudo. Esta ordem deve ir buscar-se à natureza.
A terceira parte é consagrada à didáctica especial, destacando-se aí a sua aberração contra os castigos corporais, condizendo com as criticas apontadas por Gargântua.

Os açoites e as pancadas não têm nenhuma força para inspirar, nos espíritos, o amor das letras, mas, ao contrário, têm muita força para gerar na alma, o tédio e a aversão contra elas”.

A quarta parte apresenta uma orgânica de estudos que pode ser considerada como percursora da psicologia genética e, se tivermos em conta que os pensamentos aqui transmitidos são escritos a mais de cem anos antes do Emílio de Rousseau, devemos concordar com a grande antecipação de projectos pedagógico-didácticos, alguns dos quais só no nosso tempo vieram fazer luz para uma prática diferente.
Deste modo, e porque os períodos da idade ascendente são quatro - a infância, a puerícia, a adolescência e a juventude, também as escolas devem corresponder-lhes.
A escola da infância, para o primeiro período, a escola primária (ludus literarius), para o período da puerícia, a escola de latim ou ginásio, para a adolescência e, por último, e para a juventude, a Academia e as viagens. Diz Coménio:

É necessário, que a escola materna exista em todas as casas, a escola de língua vernácula em todas as comunas, vilas e aldeias, o ginásio, em todas as cidades, a Academia em todos os reinos e até nas províncias mais importantes.”

É interessante salientar, ao nível de algumas teorias antecipadoras, como Coménio se refere já a processos audio-visuais:

Outra coisa que poderá ser útil aos exercícios da escola materna será um livrinho de imagens, a colocar nas mãos das próprias crianças (...). Se não é possível ter as coisas à mão, podem utilizar-se os representantes delas, isto é, modelos ou desenhos feitos especialmente para o ensino, como foi já ultimamente posto em prática pelos professores de botânica, de zoologia, de geometria, de geodesia e de geografia, que juntam imagens às suas descrições.”

Ao longo de toda a obra é notável o realismo pedagógico que o autor, antecipando teorias de conhecimento que só mais tarde viriam a ser escritas, consegue transmitir.
Em 1684 foi fundada uma instituição, de nome Irmãos da Doutrina Cristã, que tinha como objectivo servir a classe trabalhadora, formando profissionais para a área do comércio e indústria. Mesmo com conhecimentos sobre leitura, escrita, ortografia e aritmética a principal disciplina era o catecismo, portanto uma educação amarrada ainda à religião.
Apesar das escolas práticas se terem difundido pelo mundo o número de alunos era ainda escasso.

Para além de ser uma educação que atendia uma classe social alta e pouco numerosa, não atendia às grandes obras destes séculos, discriminando a ciência da Renascença e os estudos de Clauberg e Huarte. A educação era baseada no Latim e nas humanidades clássicas. Um incentivo à imobilização do conhecimento.
As escolas de Port-Royal, pequenas e isoladas, foram as que atenderam ao estudo da língua mãe e também do Latim, e se ligaram à ciência como o método de se chegar à razão, sendo influenciados por Descartes.

As Universidades estavam paradas, concentradas em Aristóteles, no Latim, condenava Descartes e esquecia a língua mãe. Assim todo o movimento renascentista passou ao lado destas instituições, desviadas do rumo da História.
A ciência evolui assim em divergência com as Universidades.

Comenius contribui para a educação das raparigas, quando admite que todo o individuo poderá aprender o que quiser, independentemente das suas origens, da sua classe social ou sexo.
Contudo não teve efeitos práticos. As raparigas podiam eventualmente ter uma aprendizagem prática de algumas tarefas, e mesmo assim só muito poucas é que tinham acesso ao ensino.

Já as pessoas com deficiência na época renascentista tiveram a sua emancipação, em Inglaterra a rainha Isabel I séc. XVII, postulou que todas as pessoas deviam trabalhar, e assim cegos, crianças com deficiência, pessoas com deficiência motora, idosas, tornaram-se aprendizes de determinada actividade.
Os Iluministas fundamentaram isto dizendo que “toda a pessoa pode ser educável” (Diderot, Rosseau).
Já inseridos nos mosteiros e igrejas, chegaram facilmente às fontes de saber, resultando assim numa geração com alguns ilustres com deficiência como é exemplo Nicolas Sanderson, matemático, Mª Teresa Van Paradis, cantora e pianista.



Vou tomar como exemplo a evolução da educação francesa para se poder compreender como evoluíram as questões educacionais na Europa.

Surge com a Revolução francesa o ideal de educação como um direito para todos os cidadãos, e um dever ser possibilitada pelo estado. Em que toda a sociedade devia dar apoio a tal sistema educativo. Em Portugal, o direito de todos ao sistema educativo e o dever do estado prestar este serviço, é salvaguardado na Constituição da República pelos artigos, 9º alínea f) e 74º.
Napoleão, não se preocupou com a educação primária, que ofereceu à exploração privada, isto é, às famílias e às corporações religiosas.
Após a época napoleónica, a restauração trouxe consigo uma “revolta pedagógica. Os professores passaram a ser controlados e nomeados por uma autoridade religiosa. É nesta altura que se criam as primeiras escolas normais, apesar do orçamento estatal não atender às necessidades deste sistema de ensino.
Em 1829 existem cerca de trinta mil escolas, com professores de valor desigual.
Em 1840 já se atingem cinquenta e cinco mil escolas, albergando três milhões e quinhentos mil alunos.
Apesar do aumento do número de escolas, no segundo Império, ainda se verificava que um terço de recenseados não sabia ler e que 36% não sabiam escrever.
Em 1867 foi decretado que as comunas com mais de 500 habitantes tinham de ter uma escola de raparigas,  fundam-se bibliotecas  populares nas escolas, e a história e a geografia passam a fazer parte dos planos de estudos. Apesar disto a obrigatoriedade escolar, proposta por Victor Duruy não tem êxito.
A III república atenderá os princípios de Jules Ferry e Paul Bert, decorria o ano de 1881 e 1882.
Estes princípios alimentaram os valores da democracia.
“ principio da obrigação escolar, que trouxe às famílias o dever de mandar os filhos à escola, e ao Estado a responsabilidade de assegurar a educação da juventude, criando uma escola em cada comuna e até em cada aldeola distante dos centros principais mais de três quilómetros com o encargo de pagar convenientemente aos professores – proclamação da gratuidade do ensino – principio da laicidade, que assegura a neutralidade do ensino público e deixa a educação religiosa à família ou ao clero.”


As escolas maternas foram também instituídas, destinavam-se a receber e educar as crianças que tivessem entre os dois e os sete anos, equivalendo aos nossos jardins de infância. Foi o educador alemão Frobel (1782-1852) que defendeu a ideia de uma escola pré-primária, que permitisse à criança as suas capacidades físicas e mentais, tendo como principal utensílios a própria natureza da criança o gosto pelo «jogo, a curiosidade, o movimento, a actividade espontânea do jovem ser, o arranjo de um pequeno jardim, trabalhos com argila e areia, pequenos trabalhos manuais, a marcha, o desenho e conversas muito simples para a desenvolver.»[19]
Froebel foi um grande defensor da educação pré-escolar. Para além disso, sublinhou a importância do jogo educativo como forma privilegiada de relação concreta com o mundo e consequentemente como base do desenvolvimento psíquico. Pestallozi (1746-1827) sublinhou a importância dos factores sentimentais na educação, distinguiu a acção da criança como critério fundamental a uma boa aprendizagem, relegando para segundo plano a instrução verbal. Este autor atende às necessidades e interesses da criança concedendo-lhe liberdade de expressão para realizar novas experiências.

A criança nesta altura, deixou de ser uma ferramenta de trabalho, a evolução da máquina e da economia ofereceram a possibilidade de aumentar o tempo de obrigatoriedade escolar até aos 14 anos.
Em 1923, resolveu-se simplificar e graduar melhor os planos de estudo, renovaram-se os métodos e coordenou-se de forma diferente as disciplinas.
A escola contemporânea apoia-se já em conhecimentos pedagógicos, que procuram estimular a criança adequando os métodos de ensino à sua fase de desenvolvimento. Podemos verificar que demoraram três séculos, para que os ideais de Comenius, Clauberg e Huarte se impletassem num sistema educativo.
Em 1936 com o plano de reforma Langville-Wallon , houve o prolongamento da escolaridade obrigatória por escalões até aos 18 anos. O primeiro escalão compreendia crianças dos 6 aos 11 anos que aprendiam conhecimentos mais aliviados para a sua idade e cumpriam um desenvolvimento natural. O segundo escalão compreendia jovens entre os 12 e os 14 anos, que eram divididos dependentemente das suas capacidades e corrigiam erros adquiridos anteriormente. A partir dos 15 anos deviam pertencer ao 3º escalão, uma educação em escolas técnicas ou profissionais que formavam trabalhadores.
Seguidamente poderiam ter, não obrigatoriamente, dois anos de ensino pré-universitário não especializado, organizado em três secções literatura ciências e técnicas, seguindo depois para a universidade.

O ensino secundário finalmente, tem um aumento das perspectivas culturais e humanas.
Na época Napoleónica ainda um pouco amarrada aos tempos medievais, apenas com mais umas matemáticas úteis aos militares. Mas é Napoleão que cria o sistema nacional que ainda hoje conhecemos. A lei que criou em 1802 obriga a uma centralização dos sistemas de ensino, com os professores vigiados por inspectores estatais que ligavam a periferia ao centro do sistema, sendo as universidades as coordenadoras da educação e respectivas inspecções aos professores. Na lei de Bases do Sistema Educativo, verificamos que avaliação e fiscalização da educação é garantida pelo artigo 53º. Tratando-se de um organismo que goza de autonomia no exercício das suas funções.
Mas o desenvolvimento geral da civilização principalmente ao nível científico, industrial e económico, suscitava grandes necessidades e grande absorção de profissionais cultos e bem preparados para a vida profissional. A cultura passa a ser um bem, mais considerado e mais solicitado por todos.
Assim as línguas vivas e as ciências ganham preponderância, desde 1827. Os filhos dos burgueses acedem cada vez mais ao ensino secundário.
Em 1865 Duruy estabelece um ensino, chamado “ensino especial” mas que nada tem a ver com o ensino especial que consideramos hoje, paralelo ao tradicional, que disponibiliza o ensino do francês, das línguas vivas, das ciências, da história e a geografia, a escrituração comercial, o desenho e a agrimesura. A impossibilidade a nível financeira dos pobres impedia que seguissem este sistema, e a recusa dos mais ricos a este método, tornou-o num fracasso.
Só em 1880 é que se pensou em dar às raparigas igual formação à dos rapazes. Mas não poderiam aprender debaixo do mesmo tecto.
Só em 1936 é que houve mudanças determinantes no ensino secundário como verificámos no ponto anterior.
Em 1945, iniciou-se e singrou um movimento que atendia à educação nova. Obra de G. Monod e Capitant foram criadas oitocentas classes da 6ª à 3ª em noventa liceus e colégios.[20] As novas classes introduziram, «o ciclo de observação e de orientação, conselhos de turma, caderno escolar contínuo, trabalho dirigido, métodos activos personalizados e cooperativos, estudos do meio, abertura ao mundo moderno -  e também, graças a um aligeiramento dos programas e a certa maleabilidade das estruturas, desenvolvimento do trabalho em equipa (mesmo com os professores), do trabalho independente (ou pessoal), ensaio de grupos de nível para as matérias chamadas fundamentais.» [21]
Desde 1952 que a formação dos professores suscitava mais preocupações e mais empenho.
Em 1959 torna-se a mexer na organização do ensino secundário, o homem responsável é o General De Gaulle,  passa a escola secundária a ser gratuita até aos dezasseis anos de idade. Assim os colégios de ensino secundário e os colégios de ensino geral, passam a formar os jovens dos onze, doze anos até aos 14 anos de idade. Os Liceus ocupam-se sobre a formação dos jovens com mais de 15 anos direccionados para estudos mais longos. Não esquecendo que em 1964 foram criados os cursos pré-universitários pelo pedagogo J. Capelle.

Para tornar o operário, o técnico, o profissional, hábil e com capacidades de não ser apenas uma peça de máquina, tinha-se obrigatoriamente uma formação mais vasta.
A iniciativa privada foi aquela que tomou iniciativa, fundando várias escolas práticas que faziam os alunos conhecer as ciências e as suas aplicações à industria, conheciam as línguas modernas e também as teorias do comércio.
Em 1880 criaram-se as Escolas Manuais de Aprendizagem, coordenadas pelos ministérios do Comércio e à instrução pública, mas em 1892 foram consideradas obsoletas. O Ministério do Comércio e o Ministério da Industria patrocinaram e levantaram as Escolas práticas de comércio e de indústria, capazes de formar pessoas hábeis no desempenho da sua função profissional. Este ensino decorreu sem alterações até 1936, mas verificou-se que não era suficiente para servir uma nação moderna, na altura haveria sensivelmente duzentos mil alunos, número completamente inadequado às necessidades da época.
Relativamente ao ensino agrícola, este foi quase inexistente até 1879. A partir desta data tentou-se inserir o ensino da agricultura nas escolas normais e fundar-se escolas agrícolas, processo que só teve êxito na Dinamarca porque na França não se correspondeu a tal projecto.

Herdando os problemas do século XVIII, XIX, no século XX houve apenas o acrescento de ramos de novas ciências que não romperam com as ciências antigas, ou seja, este plano de estudos pouco acrescentava ao antigo e as matérias novas suscitaram confusão e galvanização das teorias anteriores, tal não era a força da raiz do sistema educativo do século anterior.
Só em 1919 é que se começou a discutir uma remodelação ou uma implosão e renovação do sistema educativo superior. Efectivamente não havia grandes alterações.
Ao passar a 1ª Guerra Mundial, houve grandes discussões do foro pedagógico mas não se aplicou na prática grande coisa, apenas se orientou melhor a segmentação dos alunos nos diferentes ramos de estudo que depois do primário se iniciavam no ensino profissional.
A universidade dava uma formação mais geral do que propriamente profissional.
A França conhece uma estagnação do Ensino superior, até que em 1968, Edgar Faure apresenta um projecto que implode o sistema educativo anterior e faz germinar um outro, desde a escola materna até à Academia, que permitiu à nação corresponder da melhor forma às exigências da vida nacional e de uma sociedade moderna. (GAL,  1993)

Foi só no século XX que as pessoas com deficiência conseguiram assegurar alguns direitos fundamentais. O direito à educação, ao trabalho, à saúde, que a carta dos direitos da criança e a carta dos direitos do Homem, 1921 e 1948 respectivamente, promoveram foram sem dúvida decisivos para que a integração se tornasse uma realidade.
É de salientar que os grandes conflitos mundiais foram os principais responsáveis por este processo de integração. O aumento do número de pessoas com deficiência, principalmente deficiência motora, visual ou auditiva, a repressão económica, foram fenómenos que vieram justificar os direitos destas pessoas. Têm iguais direitos e capacidades como outro qualquer cidadão, carecendo por vezes de adaptações para tornarem a sua acção mais eficaz.
Na Constituição da República Portuguesa, artigo 9º alínea f), cabe ao estado promover o bem-estar e a qualidade de vida dos cidadãos portugueses, modernizando e melhorando as estruturas sociais e económicas. As pessoas com deficiência, e não só, necessitam que este artigo seja cumprido, para que possam usufruir do bem-estar e da qualidade de vida.
O artigo 71º, da mesma constituição, é o mais objectivo, no que respeita à defesa e igualdade de direitos e deveres da pessoa com deficiência, com ressalva do exercício ou do cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados. Na alínea 2 e 3 do mesmo artigo, o estado é o reponsável pela prevenção, reabilitação e integração ou inclusão destes cidadãos na sociedade, apoiando as pessoas com deficiência, seus pais ou tutores e associações ou organizações que prestem apoio aos cidadãos com deficiência. As pessoas com deficiência tem direito a frequentar o ensino regular, ou o ensino especial, estando o estado incubido de garantir ambos os estilos de ensino, segundo alínea g) do artigo 74º.
Na Lei de Bases do Sistema Educativo no artigo 17º, estão delienados os objectivos da educação especial. A educação especial tem como principal objectivo a integração da criança com deficiência na escola regular, no mercado de trabalho (artigo 18º, ponto 3) e no seu meio social. Para isto terá de potencializar as capacidades de cada individuo e minimizar as características que limitam a sua funcionalidade, adaptando e formulando currículos. Para além disto, este artigo sublinha, na alínea 2, que a família e a comunidade devem ser inseridas nas actividades do ensino especial.
Nas alíneas do artigo 18º, é interessante verificar-se que cabe ao estado promover acções de informação e sensibilização, prevenção e tratamento precoce da deficiência. Mais, Incumbe ao Estado promover e apoiar a educação especial para deficientes. Contudo pode-se ler, que a educação especial estabelece-se nos estabelecimentos de ensino regular ou outras instituições, se conforme o tipo e o grau de deficiência. A educação especial deverá ser ministrada por educadores especializados, cujos métodos e técnicas são orientados, avaliados e fiscalizados pelo Ministério da Educação. Professores do ensino básico ou secundário, que depois realizem um curso ou formação especializada numa Instituição de Ensino Superior, poderão passar a dar apoio e a promover o ensino especial. O artigo 25º da Lei de Bases do Sistema Educativo, faz com que tenha de ser assegurado, no ensino básico, actividades de acompanhamento e complemento pedagógicos para pessoas com necessidades educativas especiais.
 No que se refere ao espaço, a escola, (onde) o artigo 39º, ponto 4, refere que a concepção e a escolha dos materiais deve ter em conta as necessidades especiais das crianças com deficiência. Seria interessante saber quantas escolas foram concebidas de raíz, e não tiveram em conta esta alínea.

O sistema educativo português compreende a educação pré-escolar, a educação escolar e a educação extra-escolar.
A educação pré-escolar tem currículos que procuram estimular as capacidades físicas, mentais e sociais da criança. Os objectivos delineados na Lei de Bases do Sistema Educativo (artigo 5º) permitem que os conteúdos, métodos e técnicas sejam articulados com o meio familiar. É também objectivo do ensino pré-escolar detectar precocemente possíveis deficiências ou limitações da criança. Contudo não é uma etapa de ensino obrigatória, segundo o artigo 4º, ponto 8, da Lei de Bases do Sistema Educativo, refutando para a familia a tarefa de educar e estimular a criança em idade pré-escolar. Pena é que há famílias incapazes de educar, estimular ou ensinar os seus filhos, pelo que julgamos necessário rever este ponto. Segundo o mesmo artigo, é o Ministério responsável pela organização da rede pré-escolar. Deverá ser capaz de fiscalizar, avaliar e orientar o trabalho dos técnicos e instituições do pré-escolar, nomeando e criticando os métodos e técnicas utilizados. Cabe ao Ministério dar apoio a qualquer instituição de educação pré-escolar que se insira na rede pública. A educação pré-escolar destina-se às crianças com idades compreendidas entre os 3 anos e a idade de ingresso no ensino básico. A educação escolar compreende os ensinos básico, secundário e superior, integra modalidades especiais e inclui actividades de ocupação de tempos livres.
O ensino Básico é universal, obrigatório e gratuito e tem uma duração de nove anos. A obrigatoriedade de frequência no ensino básico inicia-se aos seis anos de idade e termina aos quinze anos. Estes nove anos são divididos em 3 ciclos. 1º ciclo (do 1º até ao 4º ano), 2º ciclo (5º e 6º ano) e 3º ciclo (do 7º ao 9º ano). O 1º ciclo é globalizante e ministrado por um professor único. O 2º ciclo de carácter interdisciplinar tem um professor por área e o 3º ciclo organiza-se num plano curricular unificado integrando áreas vocacionais diversificadas, há um professor por disciplina ou por grupo de disciplinas.
As crianças podem aceder ao 1º ciclo do ensino básico, quando têm seis, completados até 15 de Setembro. Se completarem os seis anos até Dezembro podem ingressar no ensino básico, mas é uma situação que tem de ser solicitada pelo encarregado de educação da criança. Neste ciclo, os objectivos primordiais, segundo a lei, são o desenvolvimento da linguagem oral, a aprendizagem e desenvolvimento da leitura e da escrita, e aquisição de noções básicas do cálculo e da aritmética. Sendo salvaguardo o desenvolvimento das vertentes sociais, artístiscas e físicas das crianças.
O segundo ciclo pretende que a formação humanística, artística, física e desportiva, científica e tecnológica e a educação moral e cívica, dote os jovens de sentido critico e lhes proporcione instrumentos úteis à progressão dos estudos.
O último ciclo do ensino básico, a aquisição sistemática e diferenciada da cultura moderna, nas suas dimensões humanística, literária, artística, física e desportiva, científica e tecnológica, visa que o jovem fique preparado para a vida activa e que tenha instrumentos e informação para que possa escolher uma área de estudo que possa prosseguir com êxito.
Os objectivos de cada ciclo devem ser cumpridos, por as crianças, para que possam prosseguir para o ciclo seguinte. No final do ensino básico as crianças têm um diploma que certifica o aproveitamento em qualquer ano do ensino básico.
No artigo 6º, ponto 5, a lei diz que propinas, taxas e emolumentos relacionados com a matrícula, frequência e certificação, livros e material escolar, transporte, alimentação e alojamento, quando necessários, são gratuitos!
Segundo o artigo 7º da Lei de Bases do Sistema Educativo, são objectivos do ensino básico:
1.      Assegurar formação geral, que lhes permita depois o desenvolvimento do habitus, de que já nos falava Aristóteles, outro artigo, o 26º da mesma Lei, obriga o estado a promover acções de orientação profissional com base em serviços de psicologia;
2.      Assegurar uma formação que seja aplicável às situações do quotidiano;
3.      Assegurar o desenvolvimento físico e motor;
4.      Propocionar a aprendizagem de duas línguas estrangeiras;
5.      Proporcionar a aquisição dos conhecimentos basilares que permitam o prosseguimento de estudos ou a inserção do aluno em esquemas de formação profissional;
6.      Aquisição e o desenvolvimento de métodos e instrumentos de trabalho pessoal e em grupo, valorizando a dimensão humana do trabalho;
7.      Fomentar a perspectiva Humanista, de solidariedade e cooperação;
8.      Desenvolver o conhecimento e o apreço pelos valores característicos da identidade, língua, história e cultura portuguesas;
9.      Proporcionar aos alunos experiências que favoreçam a sua maturidade cívica e sócio-afectiva;
10.  Proporcionar a aquisição de atitudes autónomas, desenvolvendo individuos civicamente responsáveis e democraticamente intervenientes na vida comunitária;
11.  Assegurar às crianças com necessidades educativas específicas, os meios para o desenvolvimento de todas as suas capacidades;
12.  Fomentar o gosto por uma constante actualização de conhecimentos;
13.  Propocionar informação e orientação às familias;
14.  Criar condições de promoção do sucesso escolar e educativo a todos os alunos.
O ensino secundário poderá ser frequentado por todos aqueles que tenham cumprido, com aproveitamento, o ensino básico. Os cursos do secundário, que podem contemplar vários currículos dependendo da natureza do curso, visam preparar o jovem para a vida activa ou para o prosseguimento dos estudos. Podem ser criados estabelecimentos especializados em determinada área, que visam preparar o jovem para a vida activa. São escolas, normalmente designadas por “profissionais”, e estão previstas na Lei de Bases do Ensino Superior, artigo 10º ponto 7. No ensino secundário cada professor é responsável, em princípio, por uma só disciplina (ponto 6 do mesmo artigo.
Os objectivos do ensino secundário, estão previstos no artigo 9º (com 7 alíneas) da Lei de Bases do Sistema Educativo. Estes objectivos resumidamente visam orientar o jovem na sua vida profissional ou no prosseguimento dos estudos, conferindo-lhe um desenvolvimento a nível científico, cultural e social. São conferidos instrumentos que lhe possibilitem desenvolver trabalho individual ou em grupo, e há uma preocupação sobre a preparação do jovem e a sua intervenção a nível social. As alíneas dos objectivos do ensino secundário poderão ser consultadas no anexo XIII.
O ensino Superior compreende, o ensino compreende o ensino Universitário e o Ensino Politécnico. Podem frequentar o ensino superior todos aqueles que terminem com aproveitamento o ensino Secundário ou equivalente, mas para frequentar o curso superior pretendido têm de fazer um exame que comprove a sua capacidade para a frequência no curso. É o Governo que define os regimes de acesso ao ensino superior, mas terá de cumprir os principios de democraticidade, equidade e igualdade de oportunidades. Para isso estabelece critérios objectivos de selecção de canditatos, em que as instituições têm responsabilidades devendo-se coordenar para garantir  os príncipios atrás enunciados.
O 12º artigo da Lei de Bases do Ensino, nos seus pontos 4,5 e 6 pretende fazer com que todos os cidadãos tenham possibilidade de frequentar o ensino superior. O ponto 5 garante a possibilidade daqueles, que têm mais de 25 anos, mas que não tenham habilitações suficientes para concorrer ao ensino superior, possam realizar uma prova que lhes permita aceder ao ensino superior. O ponto 4 obriga o estado a melhorar as condições de acesso ao ensino superior e a qualidade de ensino, que este confere, aos seus frequentadores. O ponto 6 atende aqueles que têm dificuldades sócio-económicas ou desvantagens sociais, incumbindo o estado de criar condições que eliminem ou possam minorar estas desvantagens.
No ensino Superior e Universitário são conferidos os graus de Bacharel, Licenciado, Mestre e Doutor, mas no ensino politécnico se podem conferir apenas os diplomas de Bacharel e Licenciado. Os cursos conducentes ao grau de bacharel têm a duração normal de três anos podendo, em casos especiais, ter uma duração inferior em um a dois semestres. Os cursos de licenciatura têm a duração normal de quatro anos, podendo, em casos especiais, ter uma duração de mais um a quatro semestres.
O ensino Politécnico realiza-se em escolas superiores especializadas nos domínios da tecnologia, das artes e da educação, entre outros, visando uma formação cultural e técnica de nível superior que permita conhecimentos científicos de índole teórica e prática e suas aplicações com vista ao exercício de actividades profissionais.
O ensino Universitério pretende que os seus alunos tenham uma boa preparação a nível técnico e cultural. Estes alunos deverão ter capacidade de analise crítica e ministrar conhecimentos científicos de carácter teórico e prático e saber aplicá-los à vida profissional.
São, aliás, objectivos do ensino superior formar individuos bem formados a nível científico, técnico e cultural, capazes de marcar a diferença no meio profissional e servir a sociedade com esses conhecimentos, em prol do desenvolvimento do País. No artigo 11º alínea c, o desenvolvimento da investigação uma meta do ensino superior, para bem da ciência, da tecnologia, da cultura, atingino desta forma um melhor conhecimento do Homem e da sociedade onde vive. Uma alínea em que o novo paradigma da Motricidade Humana se enquadra.
É o estado que estará incumbido de apoiar e proporcionar todas as condições para que a investigação se possa desenvolver (artigo 15º, da Lei de Bases do Sistema Educativo). É do conhecimento geral que os nossos melhores investigadores têm de fugir para o estrangeiro, para conseguirem desenvolver as suas pesquisas e investigações. Nesta matéria o estado não estará a cumprir, da melhor forma, a lei.
Outros dos objectivos, previstos na Lei de Bases do Sistema de Ensino, é o conhecimento dos problemas de hoje.
Contudo a análise que o Nobel da Literatura faz sobre o Ensino Superior em Portugal é bastante relutante. Saramgo em artigo de revista escreve sobre o que se espera da Universidade e do Jovem licenciado (artigo de revista; In Visão, 8 de Maio de 1993, pg. 82 e 83)

“À Universidade. E também à democracia. À universidade, porque, em minha modesta opinião, ela deveria ser, tanto ou ainda mais que uma instituição dispensadora de conhecimentos, o espaço por excelência da formação do cidadão, da pessoa educada nos valores da solidariedade humana e do respeito pela paz, educada também para a liberdade, educada para o espírito critico, para o debate responsável das ideias.”

E se falta realmente este lado da formação do licenciado, é natural que ele seja um técnico profissional igual a uma outra pessoa que não tenha frequentado tal instituição. Desrespeitanto o Artigo 11º da Lei de Bases do Sistema Educativo. A única diferença que se encontra nestes dois indivíduos é talvez, um ser ignorante consciente egoísta vivendo para si, e o outro, um ser ignorante inconsciente egoísta, vivendo para si.
Acredita-se que as Universidades actuais formam profissionais de alta qualidade moral e profissional, investigadores e bons docentes, mas estes são as excepções à regra.
E sendo assim a nossa Escola Superior tem obrigação de ser responsável e incasável a combater aquilo que o mundo vive, para isso tem de formar pessoas humanas e competentes. A complexidade e disparidade social é imensa. Os países industrializados avançam, triunfantes e orgulhosos na prática da sua democracia que esmigalha e esquece os países não industrializados humildes e afundados na sua miséria.
Afinal, talvez seja necessário uma nova renascença e esta deverá começar a partir das universidades, não tem necessariamente de ser uma ruptura, tem sim de consciencializar e galvanizar a sociedade que está em seu redor.
Assim a universidade como lugar de saber e pluralidades tem de fornecer uma aprendizagem ampla, prática e efectiva dos largos valores democráticos. (José Saramago In Visão, 8 de Maio de 2003)

A Lei de Bases do Sistema Educativo, no artigo 30º na alíena a) do ponto 1, no artigo 31º, obrigam que todos os educadores e professores dos 3 ciclos do ensino Básico e Secundário, tenham uma formação inicial superior. Ainda no que respeita ao artigo 30º, a alínea seguinte prevê uma constante formação (também salvaguardada no Artigo 35º) para que os seus métodos e técnicas  pedagógicas se mantenham actualizadas. Sendo que as alíneas seguintes se enquadram no principios e doutrinas que um professor deve seguir, respeitando e utilizando as técnicas científico-pedagógicas no ensino, ou seja, uma postura que consiga atingir os objectivos da Lei de Bases do Ensino.
O artigo 31º no ponto 7, dizem que os individuos com cursos de licenciatura que asseguram a formação científica na área de docência respectiva, desde que complementados por um formação pedagógica adequada, podem dar aulas no ensino secundário. Se se tratarem de disciplinas de natureza profissional, vocacional ou artística, do ensino básico ou secundário, podem ser ministradas por licenciados com conhecimento científico na área da disciplina respectiva, complementado por formação pedagógica adequada (Artigo31º, ponto 6).
Os professores do ensino supeiror são doutores, mestres ou licenciados que que tenham prestado provas de aptidão pedagógica e capacidade científica, podendo ainda exercer a docência outras individualidades reconhecidamente qualificadas.
Os auxiliares de educação têm apenas de ter apenas o 1º ciclo do ensino básico, devendo ser proporcionada formação complementar adequada.
No que respeita ao desenvolvimento curricular, este terá de ter em conta o desenvolvimento holístico do jovem. Por isto nos currículos do ensino básico é incluída um área de formação pessoal e social (área escola), que pode ter como componentes a educação ecológica, a educação do consumidor, a educação familiar, a educação sexual, a prevenção de acidentes, a educação para a saúde, etc., para além disto o ensino básico e secundário têm a possibilidade de integrar o ensino moral e da religião católica. O currículo do ensino básico e secundário respeitam uma estrutura nacional, mas que no ensino secundário poderá ter algumas modificações se o meio social e profissional assim o justificar. Os currículos de ensino Superior, são construídos pela instituição de ensino que ministram os respectivos cursos estabelecidos, ou por estabelecer, mas que têm de estar de acordo com as necessidades nacionais e regionais e com uma perspectiva de planeamento integrado com a respectiva rede. A língua materna deve fazer parte de qualquer currículo.
A formação profissional consta no artigo 19º da Lei de Bases do Sistema Educativo, visa uma integração directa no mundo do trabalho, dotanto os seus frequentadores de conhecimentos e de competições profissionais. As condições de frequência e de funcionamento poderão ser consultadas no anexo respectivo.

Fica então a minha proposta para que se possa completar esta investigação, importa saber qual representação que os jovens dos 6 aos 18 anos têm da escola. Importa também saber qual a influência que a família exerce sobre os valores morais da criança e do jovem e se há possibilidade de alterar esses valores.
Importa verificar se na região alguns artigos da lei estão ou não a ser cumpridos.
Para iniciar essa investigação será conveniente caracterizar e fazer-se uma revisão literária sobre o decurso da educação portuguesa ao longo da história, e depois evidentemente delinear o trabalho de campo.
Seria até bem interessante verificar quando é que a formação dos portugueses estagnou e permitiu um atraso de cerca de 50 anos em relação aos países do velho continente.










CLARK, Grahame (1968) – Os caçadores da Idade da Pedra – Editorial Verbo. Cacém.

PIAGET, Jean (1973) – Seis estudos de Psicologia – Publicações Dom Quixote. Lisboa.

História do Homem – Selecções do reader´s digest. Lisboa. (1975)

GAL, Roger (1993) – História da educação - 3ª edição, Veja, Lisboa. Traduzido por António Campos

DA FONSECA, Vítor (2001) – Psicomotricidade, perspectivas multidisciplinares. – Âncora. Lisboa.

RODRIGUES, Adriano Vasco – História Geral da Civilização – I volume, Porto Editora, Porto.

CARVALHO, Joaquim de (1989) - Obra completa. História das instituições e pensamento político. – VI volume, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

Gil, Fernando (s/d) – Para uma teoria do ensino.

Nova Enciclopédia Larousse

Revista Visão, 8 de Maio de 2003 – Página 82, 83

Outras referências bibliográficas:


[1] Gil, Fernando (s/d) – Para uma teoria do ensino.
[2] DA FONSECA, Vítor (2001)
[3] CLARK, Grahame (1968)
[4] PIAGET, Jean (1973)
[5] PIAGET, Jean (1973)
[6] GAL, Roger (1993)
[7] História do Homem – Selecções do reader´s digest. Lisboa. (1975)
[8] História do Homem – Selecções do reader´s digest. Lisboa. (1975)
[9] GAL, Roger (1993)
[10] RODRIGUES, Adriano Vasco
[11] GAL, Roger (1993)
[12] Ibdem
[13] Gil, Fernando (s/d) – Para uma teoria do ensino.

[14] GAL, Roger – História da educação -
[15] GAL, Roger – História da educação -
[16] Gil, Fernando (s/d) – Para uma teoria do ensino.
[17] GAL, Roger – História da Educação -

[18] Gil, Fernando (s/d) – Para uma teoria do ensino.
[19] GAL, Roger (1993)
[20] GAL, Roger (1993)
[21] GAL, Roger (1993)
[22] As alíneas completas, dos objectivos do ensino básico, poderão ser consultadas no anexo XIII – Lei de Bases do Ensino

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