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terça-feira, 30 de agosto de 2016

Andorinhões

ainda está calor. Mesmo ao pôr do sol, mesmo pela noite dentro. Ar que vai embalando a cidade enganada, longe dos trabalhos do campo.

eu não estou mais, nem menos. Estou na cidade, no seu movimento, embriagado de Sol, mar e vida. Mas hoje ao fim da tarde, quando o céu se veste de um provocador rosa quente, com um laranja disfarçado atrás dos cerros, dei por falta da dança agitada dos andorinhões. O Cerro do guelhim, lá ao fundo, já anuncia a noite. A roupa nos terraços dos velhos prédios brancos, seca já com mais dificuldade. Gosto destes prédios brancos que se encavalitam. De tão desastrados, de tão maltratados, ganham a rusticidade do povo que o habita. Esqueceram-se da estética, da beleza, mas são simples e bons. Estão marcados pelas vidas que lá passam, cada vez mais rápido, cada com menos tempo, sempre procurando mais. Neste paisagem urbana, aceito a complexidade. Espreitando cada janela, observando cada familia, muitas não compreenderia. Mas em grande parte encontraria amor e bondade, em diferentes formas e cores. Aceito-as. Só não aceito a maldade.
e perdido nestes olhares, reparo que as figueiras já se vestem de amarelo e também as amendoeiras já notam os dias mais pequenos. Está a chegar, é bonito, contemplai. porque não irá ceder a qualquer saudade.

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