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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

a casa do Alpendre

quando estiver contigo, debaixo do alpendre, não esperaremos por ninguém. Estaremos sentados, virados para todas as árvores que escolhemos. Estaremos com o sol do meio dia, esperando-o depois mais meigo na sua quebra que assinala o fim do dia. Ficaremos na companhia dos livros que a vida não nos deixou ler. Na bebedeira de uma discussão sobre o que observamos, nos calmos cruzamentos das nossas convicções. No refresco de um chá gelado ou no aroma do nosso café servido na mesa de madeira marcada pelo tempo. Não esperaremos por ninguém, mas aqueles curtos regressos, vão encher-nos a casa térrea que se confunde bem com o cheiro a terra seca mas fértil.
No mesmo Alpendre vivem silêncios, haverão sempre silêncios. Uns brutais, corrosivos e barulhentos que não nos deixam encontrar o repouso, outros suaves e alegres que nos deixam ouvir a musica do vento nas folhas.

em Fevereiro as amendoeiras darão Flor. Assim que o Inverno estiver no fim, o Alpendre terá chá para nós. Não sei qual, pois a curiosidade obrigar-nos-á a procurar sempre novas sensações. Os nossos olhos estarão baloiçando de ramo em ramo, de Flor em Flor, que a vida foi deixando crescer . E guardou cada um deles, bem à vista do nosso Alpendre da casa térrea que se confunde com a terra seca e salgada, com aquela de um livro que deste a ler.

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