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sábado, 9 de julho de 2016

a casa do albino



"a casa vive. Respira. Ouço-a toda a noite a suspirar. As largas paredes de adobe e madeira estão sempre frescas, mesmo quando, em pleno meio-dia, o sol silencia os pássaros, açoita as árvores, derrete o asfalto.(...) A velha Esperança traz às vezes um dos netos mais pequenos. Transporta-os às costas, bem presos com um pano, segundo o uso secular da terra. Faz assim todo o seu trabalho. Varre o chão, limpa o pó aos livros, cozinha, lava a roupa, passa-a a ferro. O bebé, a cabeça colada às suas costas, sente-lhe o coração e o calor, julga-se de novo no útero da mãe, e dorme tenho com a casa uma relação semelhante."


José Eduardo Agualusa(2007) O vendedor de passados.

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