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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Malus - Macieira Árvore do conhecimento do bem e do mal

Reino: Plantae
Divisão: Angiospérmicas
Ordem: Rosales
Família: Rosaceae
Subfamília: Maloideae
Género: Malus





Em vaso provisório. Estilo moyogi. Transplante para 100% akadama.



Muitas vezes falha-me a memória. Muitas vezes argumento convicto e depois escapam-me os nomes, os conceitos, as teorias, as histórias e os factos. É um grande aborrecimento, porque cada um tem a sua realidade. E com a nossa realidade, tentamos influenciar a realidade do outro, calmamente... influenciar não é necessariamente: "obrigar a mudar de ideias". Quando surgem incompatibilidades, os factos ajudam a tornar mais forte a nossa realidade. Apesar da realidade permanecer eternamente na sua própria virtualidade, uma vez que cada um magicará a sua.




Ontem estava a falar sobre o assombroso mundo das religiões, nunca com medo do inferno, do céu ou do raio que me pudesse cair em cima. E não consegui lembrar-me de nenhuma das contradições do senhor. Lamentavelmente esqueci-me. Mas escrevo-as agora, na esperança de não me esquecer das que conheço.

Gosto no entanto da ideia de que o senhor, aparentemente, terá começado por jardinar e só depois é que inventou o homem e a mulher. Isto de gostar de plantar árvores, é sempre um bom começo. Diz que lá no Éden era tudo muito bonito. Tão bonito que só o inferno o equilibraria, isto é, seria o seu "yin", enquanto o céu seria o "yang". Do ponto de vista do equilíbrio estamos conversados. Um em cima, outro em baixo. Um bonito que enjoa, outro feio que mete medo.


O que é certo, é que plantou para lá muitas árvores. Depois parece que colocou lá dois desgraçados, um homem e uma mulher. Nus. Elegantes. Com todas as suas hormonas e órgãos sexuais, mas não permitia que se tocassem, que se amassem. Deu-lhes o desejo... e ordenou-lhes que resistissem. Não faz sentido. É como por um copo de água, à frente de um homem a morrer de sede e pedir-lhe para que não beba.

Para além disso, plantou lá a árvore do conhecimento do Bem e do Mal, bem no centro do jardim. E ordenou os seres, para que não comessem o fruto daquela planta. Porquê? Não se sabe. Simplesmente porque é um pouco despótico. E assim, não se cansa com explicações. Parece que ao comer o fruto, ficariam a conhecer o bem e o mal, ficando semelhantes a um deus. Não compro esta explicação. O que comemos, não nos fornece qualquer tipo de conhecimento, como se sabe.
Mas se realmente não queria que lhe comessem o fruto, porque raio é que lá plantou a árvore. Logo lá no meio, não poderia esconder a árvore num recanto do perímetro e lhe colocasse uma rede eletrificada à volta? Normalmente é assim que se faz. Mas parece que o Sr. estava mesmo a pedi-las e lá está, a Eva sonhou, desejou e não só colheu o fruto, como o comeu e ofereceu a Adão. Como castigo foram expulsos do jardim. E lá foram instalados em terra estéril à fome e à sede... azar... desembaracem-se. Lá aprenderam a viver, sem ajuda do senhorio. Tiveram os seus 3 filhos. Abel, Caim e Set.

Numa disputa imbecil, Abel fez chacota de Caim. Pois o vigor do seu gado seria mais do agrado do sr., preterindo os legumes de Caim. Mesmo sabendo destes episódios, que se arrastaram por uma semana e estando a par da raiva de Caim, deixou que o homicídio se concretizasse.

Também pediu a Abrão que matasse seu próprio filho, Isaac... como prova da sua fé, devoção e obediência. E o desgraçado lá foi até ao local, indicado pelo Sr. para liquidar o próprio filho. Era preciso chegar a tanto? Aposto que o miúdo não percebeu nada do que ali se passou. Mas que provações tão duras são estas? Precisava mesmo de acagaçar a criança, para ter a certeza que o pai lhe obedecia cegamente? Cegamente.

Não descansado também eliminou duas cidades, Sodoma e Gomorra, pois havia boatos de mau comportamento. O pior é que pelos vistos... o enxofre e o fogo que deixou cair nas localidades, matou culpados e inocentes. Grande falta de justiça. Mas quem tudo pode...

Parece também que Aarão, irmão de Moisés, esculpiu ingenuamente um bezerro de Ouro. Isto para acalmar o povo, que ansiava a chegada de Moisés. Pelos vistos nem o Sr., nem Moisés gostaram daquela injúria. Assim, parece que em nome do Sr. se mataram três mil homens, que terão pedido a Aarão um deus, Aarão fez um bezerro, que pareceu profano a Moisés, Aarão disse a Moisés que foi o povo que teve a ideia... e zás... numa noite... correu sangue porque o sr. se ofendeu. Não é cruel?

E desconfio que outras maldades possam ser narradas. Quando se é dono de tudo e de todos... porque é que ainda se mantém a necessidade doentia de ser adorado? E porque é que se exige obediência através do medo, quando se diz tão bondoso? É pelo menos dotado de uma grande carência pedagógica. "Se não te portas bem vais para o inferno" e bshiu, bshiu, bshiu não há cá mais conversas.

Importa dizer que a maçã... e a macieira já tinham sido razão de desentendimentos na barulhenta família do Olimpo. Éris, com a oferta de uma maçã dourada à mais bela das Deusas, conseguiu desestabilizar o casamento de Peleu e Tétis. Aproveitou mais uma vez, a vaidade e a fenda narcísica das Deusas e Deuses. Ser o mais belo, o mais inteligente, o mais forte e o mais adorado. Assim, lançou a maçã Dourada para cima da mesa do festim. Atenas, Hera e Afrodite argumentaram sobre quem deveria receber a maçã, que tinha inscrito "à mais bela". Páris, um pobre pastor, foi nomeado para o desempate. Foi corrompido... com ofertas das três divindades. E escolheu Afrodite como sendo
a mais bela. Quem pagou por tabela, foi a cidade do pastor. E nada mais há a dizer.

Há muitas coisas em comum entre os homens, assim como há muitas coisas em comum entre as religiões e os seus Deuses. Entre homens e deuses, há uma coisa em comum: o desentendimento.

Quanto ao fruto continuou ligado ao amor, à fertilidade e ao erotismo. É pelos vistos assim adorado desde tempos imemoriais.

A árvore é muito elegante, com folhas delicadas e sensíveis.

Irei ter uma macieira... já tentei algumas a partir da semente. Mas a seca, parecida com a vivida por Adão e Eva quando expulsos do paraíso, castrou-lhes sempre a vida. Descuidos de fins-de-semana prolongados, passados fora de casa. No entanto espero em breve publicar a imagem de uma macieira em vaso (27.7.13).







Transplante e poda de transformação a 10.11.13 na escola Jardim de Bonsai com Rui Ferreira
  

Macieira, 5 anos, adquirida a 12.10.13


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